Retrato do emprego anterior ao vírus
Antes da crise sanitária, a evolução do emprego já se mostrava insatisfatória, com a taxa de desocupação atingindo 11,6%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua relativa ao trimestre compreendido entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020. Construção, administração pública e serviços domésticos lideraram os cortes.
Em relação ao trimestre dezembro de 2018 a fevereiro de 2019, a desocupação foi 0,8 ponto porcentual menor, mas, na comparação com o trimestre anterior (setembro a novembro de 2019), a desocupação aumentou 0,4 ponto porcentual, alcançando 479 mil pessoas.
A população ocupada, de 93,7 milhões, mostrou queda de 0,7% (ou 706 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior, mas em relação a igual trimestre do ano anterior houve alta de 2,0% (1,8 milhão de pessoas).
Há indicadores piores que o da população desocupada de 12,3 milhões de pessoas. A população subutilizada ou que vive na informalidade corresponde a 40,6% da população ocupada, ou 38 milhões de trabalhadores. Essa taxa havia sido de 41,1% no trimestre móvel anterior e de 40,7% em igual trimestre do ano anterior. A população fora da força de trabalho é de 65,9 milhões de pessoas, maior nível desde 2012. E há 4,7 milhões de pessoas no desalento.
Os dados mostram a importância de aplicar, com a celeridade possível, os mecanismos oficiais já aprovados de suporte para dezenas de milhões de pessoas que já se inseriam de maneira precária no mercado e passaram a correr o risco de perder toda forma de renda.
Isso se explica porque a recessão que acompanha a crise do coronavírus é inevitável. Só se discute o tamanho da recessão, do que resultará maior ou menor número de novos desempregados, subutilizados ou em situação de desalento.
Deverá se perder a recuperação que estava em curso no emprego com carteira assinada, condição na qual estavam 33,6 milhões de empregados no setor privado, sem contar trabalhadores domésticos, com alta de 2%, ou 646 mil pessoas, em relação ao mesmo período de 2019.
As facilidades de crédito abertas pelo Banco Central devem ser acompanhadas da exigência de que as empresas beneficiadas retardem decisões de corte de pessoal, até que seja possível vislumbrar a hora em que a crise será vencida.