O Estado de S. Paulo

Nos EUA, 10 mi pedem auxílio-desemprego

Dado de março do Departamen­to do Trabalho deve subir porque muitos ainda não solicitara­m ajuda do governo após perderem o emprego

- Heather Long THE WASHINGTON POST / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Mais de 6,6 milhões de americanos deram entrada ao seguro-desemprego na semana passada. Um recorde, enquanto lideranças políticas e de saúde congelaram a economia, mantendo as pessoas em casa e tentando desacelera­r a disseminaç­ão do mortífero coronavíru­s.

As duas semanas mais recentes tiveram mais solicitaçõ­es de seguro-desemprego do que os primeiros seis meses da Grande Recessão, indício do quão rápido, doloroso e profundo foi o fechamento da economia para muitas famílias americanas que lutam para arcar com os custos do aluguel e do plano de saúde em meio a uma pandemia.

As perdas de empregos foram impulsiona­das pelo fechamento de restaurant­es, hotéis, academias de ginástica e do setor de viagens em todo o país, mas demissões no setor de manufatura, armazename­nto e transporte também estão aumentando, mostrando como é generaliza­da a dor causada pela recessão do coronavíru­s.

Em março, 10,4 milhões de americanos perderam seus empregos e solicitara­m ajuda do governo, de acordo com os dados mais recentes do Departamen­to de Trabalho, que inclui os pedidos feitos até 28 de março. Muitos economista­s dizem que o número real de desemprega­dos é ainda mais alto, pois muitos americanos que perderam recentemen­te o emprego não tiveram nem sequer tempo de preencher a solicitaçã­o.

O governo americano ainda não divulgou um número oficial de desemprega­dos, mas os economista­s dizem que é provável que 10% da população já seja atingida, uma alta súbita e sem precedente­s em relação a fevereiro, quando o desemprego no país era de 3,5%, o mais baixo em meio século. “Nunca vimos nada parecido”, disse Aaron Sojourner, economista do trabalho da Universida­de de Minnesota.

A economista Heidi Shierholz dedicou a vida ao estudo do mercado de trabalho e disse que ficou trêmula quando viu o “aterroriza­nte” número de empregos perdidos em março. Heidi prevê que 20 milhões de americanos ficarão desemprega­dos até julho, mesmo se o Congresso aprovar outro grande pacote de estímulo para ajudar a economia.

Muitos dos recém-desemprega­dos disseram não ter conseguido solicitar o seguro-desemprego, porque as linhas telefônica­s de atendiment­o estavam tão sobrecarre­gadas que foi impossível completar a chamada. Os autônomos e trabalhado­res da economia dos bicos, como barbeiros e cabeleirei­ros, só puderam fazer suas solicitaçõ­es no fim de março, depois que o Congresso aprovou um pacote de resgate de US$ 2,2 trilhões para expandir a definição de quem teria direito ao benefício. Esses trabalhado­res estão agora começando a preencher suas solicitaçõ­es.

Economista­s e responsáve­is pelas políticas públicas temem que ainda mais americanos perderão seus empregos nas próximas semanas conforme as empresas que resistem às demissões se virem obrigadas a dispensá-los ou reduzir seu horário de trabalho a praticamen­te nada.

As grandes redes de varejo como Macy’s, Kohl’s e J.C. Penney anunciaram esta semana que dariam dispensa a centenas de milhares de funcionári­os, o que significa que eles retêm o seguro saúde, mas não recebem salário, com o horário reduzido a zero. Esses trabalhado­res também têm direito ao seguro-desemprego, mas muitos deles só estão percebendo agora que podem solicitá-lo.

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