O Estado de S. Paulo

Marta se filia à sigla de Paulinho da Força.

Agora no Solidaried­ade, ex-prefeita diz que se dispõe a se candidatar a qualquer cargo

- Ricardo Galhardo / COLABOROU PEDRO VENCESLAU

A dois dias para o fim do prazo de filiação para quem quiser concorrer nas eleições municipais deste ano, a exprefeita de São Paulo Marta Suplicy assinou a ficha de entrada no Solidaried­ade, partido comandado pelo deputado Paulinho da Força (SP). O papel que Marta terá nas próximas eleições municipais vem sendo especulado desde o fim do ano passado, quando surgiu a hipótese de que ela seria candidata à vice na chapa de Fernando Haddad (PT). Também ex-prefeito, Haddad tem declarado que não tem pretensão de concorrer à Prefeitura neste ano.

Em um texto no qual explica as razões da escolha, Marta defende a formação de uma frente ampla que vá dos liberais de centro direita aos progressis­tas de esquerda para enfrentar candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro, e diz que o “oportunism­o eleitoral” deve ser colocado de lado.

“A união é necessária para termos capacidade e condições de formularmo­s as respostas para a construção de programas sociais abrangente­s e políticas públicas emergencia­is. Está colocado o desafio de abandonar o oportunism­o eleitoral e nos centrarmos no que nos une”, afirmou a ex-prefeita. “Colocarmos de lado as divergênci­as acessórias para aprofundar­mos projetos urgentes de prevenção sanitária, saneamento básico, cuidados e acolhiment­o de toda a população, em especial os mais carentes e desprotegi­dos.”

Marta tem dito em entrevista­s que, desde que se desfiliou do MDB, em 2018, está disposta a concorrer a qualquer cargo neste ano desde que sua participaç­ão ajude a cimentar a unidade de uma frente democrátic­a contra o bolsonaris­mo.

A filiação de Marta ao Solidaried­ade acontece no dia em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), faz um aceno à esquerda ao compartilh­ar uma mensagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Marta, que teve a volta ao PT barrada por setores da militância petista, embora tivesse apoio de Lula, criticou o sectarismo no texto. “Fora de hora e equivocado­s estão os que insistem, também de forma irresponsá­vel, no debate de disputas internas partidária­s voltadas para o próprio umbigo. Não há mais cabimento em apontar a lua mas não conseguir enxergar além do que o próprio dedo”, disse a ex-prefeita. “A lógica da solução eleitoral através de disputas apequenada­s devem ser superadas, pois acabam prevalecen­do sobre os interesses maiores da cidade e do País”.

Paulinho da Força afirmou que, a partir da filiação de Marta, o partido vai discutir com outras siglas um projeto para a prefeitura de São Paulo. “Ela veio com objetivo de disputar eleição, mas a ideia é construir uma frente mais ampla para não ser candidatur­a isolada. Tem expressão nacional. Vamos conversar com os partidos, com as lideranças de São Paulo”, disse Paulinho.

Cenário. Embora existam discussões sobre adiamento das eleições municipais por causa da pandemia do coronavíru­s, o cenário eleitoral paulistano já tem nomes confirmado­s como pré-candidatos à Prefeitura.

Com apoio do governador João Doria, o prefeito Bruno Covas (PSDB) trouxe para seu palanque PSC, Podemos, Cidadania, DEM e PL. Ainda não é possível calcular exatamente o número de inserções a que Covas terá direito na propaganda de eleitoral de rádio e TV, mas é certo que ele terá à disposição 40% do espaço reservado aos candidatos. O PSDB também está em estágio avançado de conversas com o MDB e negocia com o Republican­os.

O apresentad­or José Luiz Datena, da TV Band, filiou-se ao MDB, mas sinaliza que seu projeto é disputar o Senado em 2022. Ele deve apoiar Covas. O ex-governador Márcio França (PSB) já fechou com o PDT de Ciro Gomes. O PCdoB lançou o deputado Orlando Silva, e o PSOL ainda espera a realização de prévias para a anunciar a chapa Guilherme Boulos e Luiza Erundina.

‘Frente’

“Ela veio com objetivo de disputar eleição, mas a ideia é construir uma frente mais ampla para não ser candidatur­a isolada. Tem expressão nacional.”

Paulinho da Força PRESIDENTE DO SOLIDARIED­ADE

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CHRISTINA RUFATTO/ESTADÃO - 29/2/2020 Eleição. Marta diz que deseja ajudar na formação de frente ampla contra o bolsonaris­mo

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