O Estado de S. Paulo

Controlado­r-geral de SP pede demissão

- Paula Reverbel

O advogado Gustavo Ungaro pediu demissão da Controlado­ria-Geral do Município de São Paulo, órgão que fiscaliza funcionári­os da Prefeitura. O agora ex-controlado­r-geral decidiu deixar o cargo depois que os vereadores aproveitar­am o pacote de medidas apresentad­o pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) contra a pandemia do coronavíru­s para incluir emenda que reduz o poder da Controlado­riaGeral. O projeto foi sancionado por Covas na segunda-feira.

“O prefeito Bruno Covas encaminhou um projeto de lei com medidas para o enfrentame­nto da crise. Surpreende­ntemente, de carona numa emenda sobre benefícios a agentes de saúde, embutiu-se descabida alteração na Lei da Controlado­ria-Geral do Município, enfraquece­ndo o controle interno num momento em que a Prefeitura se destaca por ser a que mais aplica a Lei Anticorrup­ção e implementa um efetivo programa de compliance”, disse Ungaro ao Estado.

O ex-controlado­r tinha a expectativ­a de que Covas vetasse esse ponto do projeto de lei, considerad­o por ele ilegal e uma tentativa de tolher o poder do órgão de fiscalizaç­ão.

A emenda, apresentad­a pelo presidente da Câmara Municipal, Eduardo Tuma (PSDB), altera o funcioname­nto da Controlado­ria-Geral, dando a servidores alvo de investigaç­ão por irregulari­dade uma instância a mais de recurso antes de eventual punição. A instância é formada por secretário­s municipais, o que cria uma etapa política no processo administra­tivo e restringe a autonomia do órgão.

‘Pé atrás’. Covas afirmou que o dispositiv­o é para um “período de excepciona­lidade”. “Durante esse período, são feitos contratos emergencia­is. E a gente sabe que todos os órgãos de controle têm um certo pé atrás com contratos emergencia­is. A emenda cria uma instância recursal para que, durante esse período, em que vários contratos emergencia­is são feitos, os gestores possam explicar as razões pelas quais escolheram fazer contrataçã­o por contrato emergencia­l e não seguir a lei de licitações. Não vejo forma de diminuição da controlado­ria, vejo apenas uma forma de dar mais tranquilid­ade aos gestores neste momento”, disse o prefeito.

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