Profissionais podem se cadastrar para trabalhar na crise
Portaria do Ministério da Saúde prevê que haverá capacitação online; ministro diz que não se trata de convocação
Profissionais da saúde já estão recebendo o chamado do Ministério da Saúde para se colocar à disposição do Sistema Único de Saúde (SUS), após portaria do governo para cadastrar profissionais para trabalhar na pandemia do coronavírus.
Alguns já preencheram o cadastro para fazer a capacitação online, mas muitos ainda têm dúvidas sobre como vai funcionar o chamamento.
A dentista Giani Dantas, de São José do Rio Preto (SP), espera informações e, até a noite de ontem, não tinha feito o cadastro. “Estou preferindo aguardar um posicionamento mais claro dos órgãos de classe, especialmente do Conselho Federal de Odontologia, como as regras de como essa convocação vai funcionar”, afirmou.
Ligia Ortolani, de Sorocaba (SP), que também é dentista, disse que está disposta a ajudar, mas afirmou não acreditar que todos serão convocados. “Acho que seremos chamados mais no intuito de passar informações sobre saúde bucal”, disse.
A nutricionista Debora Sanches Martins, também de Sorocaba, já fez o cadastro e aguarda uma possível convocação. “Concordo com essa convocação, pois acho que as pessoas que fazem opção por carreiras na área de saúde têm de estar disponíveis para quando acontece uma emergência como essa da pandemia”, afirmou.
Processo. Ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticou o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), por causa de uma ação judicial movida pela autarquia, para impedir a convocação de seus médicos para atuar em outros locais do País.
“Primeiro, quero dizer que isso não existe. Médico enfrenta a situação. Segundo, que a lei prevê a requisição de bens e serviços. Se tiver necessidade, a gente vai requisitar. Terceiro, eu lembro bem quando teve uma epidemia de dengue no Rio de Janeiro. Eu era secretário de outro Estado, mas coordenei a ida de médicos de outros Estados para ajudarem no Rio de Janeiro a enfrentar a epidemia de dengue”, disse Mandetta.
O Rio registrou ontem 992 casos de covid-19 no Estado, além de 41 mortes. É o segundo maior foco de contaminação e morte em todo o País, só atrás de São Paulo.
“Neste ano, um dos Estados que mais podem ter dificuldade de enfrentar a epidemia é o Rio de Janeiro. Quero deixar muito claro que essa não é a posição dos médicos brasileiros”, disse Mandetta, visivelmente irritado com a decisão da Cremerj.
“Se o Rio precisar, se o Cremerj precisar dos médicos brasileiros, pode solicitar. Eu tenho certeza de que os médicos de outros Estados saberão atender o Rio de Janeiro. Não há necessidade de fazer ação judicial. Fica aqui a minha observação”, comentou o ministro.