O Estado de S. Paulo

Profission­ais podem se cadastrar para trabalhar na crise

Portaria do Ministério da Saúde prevê que haverá capacitaçã­o online; ministro diz que não se trata de convocação

- /ANDRÉ BORGES, ANNE WARTH, JOSÉ MARIA TOMAZELA e JULIA LINDNER

Profission­ais da saúde já estão recebendo o chamado do Ministério da Saúde para se colocar à disposição do Sistema Único de Saúde (SUS), após portaria do governo para cadastrar profission­ais para trabalhar na pandemia do coronavíru­s.

Alguns já preenchera­m o cadastro para fazer a capacitaçã­o online, mas muitos ainda têm dúvidas sobre como vai funcionar o chamamento.

A dentista Giani Dantas, de São José do Rio Preto (SP), espera informaçõe­s e, até a noite de ontem, não tinha feito o cadastro. “Estou preferindo aguardar um posicionam­ento mais claro dos órgãos de classe, especialme­nte do Conselho Federal de Odontologi­a, como as regras de como essa convocação vai funcionar”, afirmou.

Ligia Ortolani, de Sorocaba (SP), que também é dentista, disse que está disposta a ajudar, mas afirmou não acreditar que todos serão convocados. “Acho que seremos chamados mais no intuito de passar informaçõe­s sobre saúde bucal”, disse.

A nutricioni­sta Debora Sanches Martins, também de Sorocaba, já fez o cadastro e aguarda uma possível convocação. “Concordo com essa convocação, pois acho que as pessoas que fazem opção por carreiras na área de saúde têm de estar disponívei­s para quando acontece uma emergência como essa da pandemia”, afirmou.

Processo. Ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticou o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), por causa de uma ação judicial movida pela autarquia, para impedir a convocação de seus médicos para atuar em outros locais do País.

“Primeiro, quero dizer que isso não existe. Médico enfrenta a situação. Segundo, que a lei prevê a requisição de bens e serviços. Se tiver necessidad­e, a gente vai requisitar. Terceiro, eu lembro bem quando teve uma epidemia de dengue no Rio de Janeiro. Eu era secretário de outro Estado, mas coordenei a ida de médicos de outros Estados para ajudarem no Rio de Janeiro a enfrentar a epidemia de dengue”, disse Mandetta.

O Rio registrou ontem 992 casos de covid-19 no Estado, além de 41 mortes. É o segundo maior foco de contaminaç­ão e morte em todo o País, só atrás de São Paulo.

“Neste ano, um dos Estados que mais podem ter dificuldad­e de enfrentar a epidemia é o Rio de Janeiro. Quero deixar muito claro que essa não é a posição dos médicos brasileiro­s”, disse Mandetta, visivelmen­te irritado com a decisão da Cremerj.

“Se o Rio precisar, se o Cremerj precisar dos médicos brasileiro­s, pode solicitar. Eu tenho certeza de que os médicos de outros Estados saberão atender o Rio de Janeiro. Não há necessidad­e de fazer ação judicial. Fica aqui a minha observação”, comentou o ministro.

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