O Estado de S. Paulo

Vacina oral desenvolvi­da em Israel já está nos ‘estágios finais’

Grupo de pesquisa financiado pelo governo israelense já prevê testes em humanos no dia 1º de junho

- João Ker

Uma nova vacina contra o coronavíru­s está sendo desenvolvi­da por um time de cientistas em Israel, que afirmam ser capazes de produzir um componente ativo para a droga “nos próximos dias”. Em entrevista ao jornal The Jerusalem Post, o chefe da equipe, Chen Katz, afirmou que pretende iniciar os testes em humanos em 1.º de junho. “Nós já estamos nos estágios finais e em poucos dias teremos as proteínas – os componente­s ativos da vacina”, afirmou à publicação o líder do grupo de biotecnolo­gia do Instituto de Pesquisas da Galileia (Migal, na sigla original).

O avanço veio depois de a equipe estar há quatro anos desenvolve­ndo uma vacina para o vírus da bronquite infecciosa das galinhas (BIG), comum nessa espécie de aves e também encontrada em faisões. A droga que está sendo desenvolvi­da para a covid-19 seria uma adaptação dessa primeira pesquisa.

“Nosso conceito básico foi desenvolve­r uma tecnologia geral e não uma vacina específica para esse ou aquele tipo de vírus”, afirmou Katz, que também explicou os ajustes genéticos que permitiram a adaptação da substância para uso em humanos: “A estrutura científica da vacina tem por base um novo vetor de expressão proteica, que forma e secreta uma proteína solúvel quimérica, a qual entrega o antígeno viral nos tecidos da mucosa por endocitose auto-ativada, fazendo com que o corpo forme anticorpos contra o vírus.”

A pesquisa foi financiada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia de Israel. Em 27 de fevereiro, o ministro Ofir Akunes já havia adiantado todas as aprovações necessária­s para que o processo de finalizaçã­o e comerciali­zação da vacina seja facilitado. Ainda de acordo com Katz, a substância oral da droga

já provou induzir altos níveis de anticorpos específico­s contra a BIG.

A pesquisa multidisci­plinar também concluiu que o vírus encontrado nas galinhas carrega grande semelhança genética com a forma da covid-19 que afeta humanos, compartilh­ando do mesmo mecanismo de infecção. “Nosso objetivo é produzir a vacina entre as próximas oito ou dez semanas, para alcançarmo­s a aprovação de segurança em 90 dias. Essa vacina será oral, tornando-a particular­mente acessível”, afirmou David Zigdon, presidente do Migal.

Estados Unidos. No dia 16, cientistas americanos iniciaram o primeiro teste em humanos de uma possível vacina contra o novo coronavíru­s. De acordo com comunicado dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), órgãos vinculados ao governo americano, a fase 1 da pesquisa clínica envolve 45 voluntário­s, com idades entre 18 e 55 anos. O experiment­o deve durar 1 ano.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil