Clubes sem patrocínio
Futebol. Com a paralisação dos campeonatos estaduais, empresas começam a romper parcerias e a rever contratos, afetando as finanças
Com a paralisação dos torneios, empresas começam a romper parcerias e a rever contratos.
O avanço do novo coronavírus em todo o mundo deve ter como uma das consequências uma crise financeira sem precedentes para os clubes de futebol. Os do Brasil deverão ser bastante afetados. Além da falta de bilheteria dos jogos, outras importantes fontes de renda parecem secar mais rápido do que se podia imaginar. Patrocinadores e a TV Globo colocaram o pé no freio em relação aos investimentos no esporte e os clubes terão de conviver com nova realidade financeira.
Sem transmissão de jogos e exibição de suas marcas na TV, algumas empresas estão deixando os clubes ou revendo contratos. Um caso que demonstra bem isso é a relação do Azeite Royal com os times cariocas. A empresa patrocinava os quatro principais clubes do Estado (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco). A crise chegou e o foco de investimento mudou.
A empresa justificou, em nota, que concentra suas ações no abastecimentos de redes de supermercados parceiros. A parceria com a marca renderia em 2020 cerca de R$ 3 milhões ao Flamengo e R$ 1,5 milhão aos outros três times.
“O momento atual traz oportunidade para clubes e atletas, com a produção de conteúdo para engajamento ainda maior de torcedores e fãs, além da possibilidade de realizar diversas ações em prol do combate à covid-19 e relacionadas ao terceiro setor”, diz Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports & Marketing, uma das agências que mais fecham contrato de patrocínio com os clubes.
O futebol paulista também sofre com a crise desencadeada pela pandemia. A Marjosports, startup de tecnologia voltada para apostas esportivas, suspendeu seu contrato com o Corinthians, devido ao impacto que a paralisação do futebol provocou na empresa, que atua no ramo esportivo. No Santos, a Autoridade de Turismo da Tailândia (TAT), que patrocinava as categorias de base da Vila Belmiro, suspendeu seu contrato com a equipe, tendo em vista que o setor de turismo é um dos mais afetados pela covid-19.
Em contrapartida, Palmeiras e São Paulo não apresentaram, por enquanto, suspensões ou rescisões com suas patrocinadoras. A Crefisa, parceira do time alviverde e que paga o maior patrocínio do futebol brasileiro (R$ 81 milhões por ano) segue em dia. Contudo, em entrevista ao Blog do PVC, o fundador da empresa, José Roberto Lamacchia, quando questionado se conseguiria honrar os pagamentos, respondeu: “Não sei o que vai acontecer. Eu não analisei.”
Outra importante fonte de renda vem da televisão. Mas a Globo suspendeu o pagamento dos direitos dos Estaduais (mais informações nesta página).
“Ocorre que as pessoas amam o esporte e esse período de ausência dos eventos fará com que a audiência seja ainda maior. E, quando for possível, será grande a presença dos torcedores nas arenas. Todos estão sentindo falta de esportes, do futebol. Isso fará com que parte das perdas sejam compensadas”, analisou Wolff.
R$ 3 mi era o valor que o Azeite Royal pagava por ano ao Flamengo, pelo contrato de patrocínio, rompido recentemente
• Saída. Uma das maneiras encontradas pelos clubes para enfrentar o impacto nas finanças é reduzir o salário dos jogadores; no Brasil, a média é 25%.