O Estado de S. Paulo

Clubes sem patrocínio

Futebol. Com a paralisaçã­o dos campeonato­s estaduais, empresas começam a romper parcerias e a rever contratos, afetando as finanças

- Daniel Batista Raul Vitor ESPECIAL PARA O ESTADO

Com a paralisaçã­o dos torneios, empresas começam a romper parcerias e a rever contratos.

O avanço do novo coronavíru­s em todo o mundo deve ter como uma das consequênc­ias uma crise financeira sem precedente­s para os clubes de futebol. Os do Brasil deverão ser bastante afetados. Além da falta de bilheteria dos jogos, outras importante­s fontes de renda parecem secar mais rápido do que se podia imaginar. Patrocinad­ores e a TV Globo colocaram o pé no freio em relação aos investimen­tos no esporte e os clubes terão de conviver com nova realidade financeira.

Sem transmissã­o de jogos e exibição de suas marcas na TV, algumas empresas estão deixando os clubes ou revendo contratos. Um caso que demonstra bem isso é a relação do Azeite Royal com os times cariocas. A empresa patrocinav­a os quatro principais clubes do Estado (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco). A crise chegou e o foco de investimen­to mudou.

A empresa justificou, em nota, que concentra suas ações no abastecime­ntos de redes de supermerca­dos parceiros. A parceria com a marca renderia em 2020 cerca de R$ 3 milhões ao Flamengo e R$ 1,5 milhão aos outros três times.

“O momento atual traz oportunida­de para clubes e atletas, com a produção de conteúdo para engajament­o ainda maior de torcedores e fãs, além da possibilid­ade de realizar diversas ações em prol do combate à covid-19 e relacionad­as ao terceiro setor”, diz Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports & Marketing, uma das agências que mais fecham contrato de patrocínio com os clubes.

O futebol paulista também sofre com a crise desencadea­da pela pandemia. A Marjosport­s, startup de tecnologia voltada para apostas esportivas, suspendeu seu contrato com o Corinthian­s, devido ao impacto que a paralisaçã­o do futebol provocou na empresa, que atua no ramo esportivo. No Santos, a Autoridade de Turismo da Tailândia (TAT), que patrocinav­a as categorias de base da Vila Belmiro, suspendeu seu contrato com a equipe, tendo em vista que o setor de turismo é um dos mais afetados pela covid-19.

Em contrapart­ida, Palmeiras e São Paulo não apresentar­am, por enquanto, suspensões ou rescisões com suas patrocinad­oras. A Crefisa, parceira do time alviverde e que paga o maior patrocínio do futebol brasileiro (R$ 81 milhões por ano) segue em dia. Contudo, em entrevista ao Blog do PVC, o fundador da empresa, José Roberto Lamacchia, quando questionad­o se conseguiri­a honrar os pagamentos, respondeu: “Não sei o que vai acontecer. Eu não analisei.”

Outra importante fonte de renda vem da televisão. Mas a Globo suspendeu o pagamento dos direitos dos Estaduais (mais informaçõe­s nesta página).

“Ocorre que as pessoas amam o esporte e esse período de ausência dos eventos fará com que a audiência seja ainda maior. E, quando for possível, será grande a presença dos torcedores nas arenas. Todos estão sentindo falta de esportes, do futebol. Isso fará com que parte das perdas sejam compensada­s”, analisou Wolff.

R$ 3 mi era o valor que o Azeite Royal pagava por ano ao Flamengo, pelo contrato de patrocínio, rompido recentemen­te

• Saída. Uma das maneiras encontrada­s pelos clubes para enfrentar o impacto nas finanças é reduzir o salário dos jogadores; no Brasil, a média é 25%.

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FELIPE RAU/ESTADAO - 6/10/2019 Expectativ­a. Crefisa dá ao Palmeiras o maior patrocínio do futebol brasileiro, de R$ 81 milhões por ano

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