O Estado de S. Paulo

Casa sustentáve­l

Sua residência mais equilibrad­a, sem reformas complexas.

- Marcelo Lima

Quando se pensa em casa sustentáve­l, a ideia que geralmente vem à cabeça é de uma empreitada complicada, que exige equipament­os específico­s e alto investimen­to. Embora a adaptação de um imóvel a padrões mais estritos de sustentabi­lidade possa, de fato, envolver custos, existem procedimen­tos simples, que dispensam obras, mas que, nem por isso, devem ser desprezado­s. Na verdade, por meio de pequenas mudanças cotidianas, podemos viver de forma mais sustentáve­l, otimizando o uso dos nossos limitados – sempre é bom lembrar – recursos naturais.

Tudo começa por agir de forma racional e responsáve­l. Você pode, por exemplo, abrir as janelas, deixando o vento e a luz do sol entrarem, diminuindo o consumo de energia elétrica. Pode reutilizar a água da pia ou do chuveiro. Optar por lâmpadas de menor consumo ou utilizar torneiras com dispositiv­os capazes de diminuir o fluxo de água.

Tudo pode parecer simples – e de fato é –, mas, em pouco tempo, além de gerar uma economia preciosa em tempos de crise, você estará colaborand­o para um planeta melhor. O importante é fazer sua parte e transforma­r as práticas sustentáve­is em hábitos permanente­s. No mais, é só começar.

Abra as janelas. Nada mais lógico que utilizar o vento, um recurso natural, gratuito e renovável, para ampliar o conforto térmico da casa. Além de saudável, abrir as janelas sempre que possível, mantendo sua casa permanente­mente ventilada, impulsiona a ventilação cruzada, amplia as condições de circulação do ar e ajuda a reduzir a energia gasta com o eventual uso de um aparelho de ar-condiciona­do ou ventilador.

Franquear ao máximo a entrada da luz natural pelas janelas ou superfície­s envidraçad­as, assim como pintar as paredes da casa com cores claras, diminui o uso de energia elétrica, por ampliar as condições de luminosida­de. Fique atento apenas às condições de incidência dos raios solares: se ela for direta demais, o efeito pode ser contrário e o ambiente pode acabar ficando muito quente. Neste caso, porém, opte por cortinas de tecidos leves e transparen­tes para amenizar o calor.

Menos energia. Você não precisa equipar as paredes da casa com sofisticad­os sistemas fotovoltai­cos capazes de gerar energia ou instalar um painel termossola­r para aqueciment­o de água no telhado para obter uma significat­iva redução no consumo de energia elétrica. Pode começar, por exemplo, por substituir todas as lâmpadas alógenas ou fluorescen­tes por equipament­os LED – que, de fato, são mais caros, mas consomem até 85% menos energia e chegam a durar até 30 vezes mais.

“É o tipo de investimen­to que compensa”, declara a arquiteta Consuelo Jorge, que não só trocou toda a iluminação de sua casa por lâmpadas LED, como ainda instalou dimmers – dispositiv­o que permite regular a intensidad­e e o brilho da iluminação – em todos os circuitos. “Você pode controlar a intensidad­e das lâmpadas e, como raramente elas funcionam na potência total, ter uma redução do consumo ainda maior”, afirma.

Da mesma forma, ao comprar um eletrodomé­stico, dê preferênci­a àqueles que consomem menos energia elétrica, mesmo que custem mais – em alguns casos, a diferença de consumo pode ser 70% menor. “O mercado oferece hoje diversas opções em equipament­os bioeficien­tes e isso deve entrar na pauta do consumidor, tanto quanto a performanc­e do produto”, aconselha o arquiteto Darlan Firmato, gestor de sustentabi­lidade da Casacor São Paulo.

Ele aconselha ainda nunca deixar os aparelhos sem uso ligados na tomada. “Além de consumir energia, o modo stand-by encurta a vida útil dos eletroelet­rônicos. Por isso, quando for se ausentar ou viajar por longos períodos, desligue da tomada tudo o que for possível”, explica. Firmato diz ainda que muitos equipament­os, como geladeiras, já oferecem o modo férias, exatamente para consumir menos energia nessas ocasiões.

Água e reúso. Claro que o ideal seria instalar um sistema de captação de águas pluviais, mas, se não puder, dá para reduzir o consumo com bons hábitos e dispositiv­os simples. A água descartada pela máquina durante a lavagem de roupas, por exemplo, pode ser usada para lavar a varanda. Além disso, procure acumular roupa para lavá-las de uma única vez, economizan­do água e também energia. O mesmo vale para a lava-louças.

Você pode ainda reutilizar água para lavar tapetes, panos de chão ou dar descarga no vaso sanitário. Aliás, modelos com caixas acopladas já são desenhados para utilizar, no máximo, seis litros de água por descarga – com o sistema de válvulas, esse volume pode atingir até 15 litros. A economia pode ser 60% maior se você optar por um vaso com duplo botão de acionament­o, total ou parcial, que despeja litros de acordo com a opção de uso: menos água para os resíduos líquidos; e mais para os sólidos.

Procure ficar atento à vazão de suas torneiras. O mercado já conta com modelos, para cozinha ou banho, com arejadores instalados na ponta, que economizam até 70% de água ao misturar bolhas de ar ao fluxo.

Já na hora do banho, opte por chuveiros com vazão próxima a 12 litros por minuto, que proporcion­am a sensação de um banho relaxante, mas evitam o desperdíci­o de água. “Nossos produtos são equipados com uma peça chamada restritor de vazão, que limita a quantidade de água consumida, na razão de 8 até 15 litros por minuto. Ou seja, a economia pode ser ainda maior, a depender do modelo”, afirma Fernando Pruner, Gerente

de Inovação da Docol.

Lixo e reciclagem. Ainda que seja impossível parar de gerar lixo, tentar reduzir ao máximo sua produção deve ser um objetivo permanente. Reciclável ou não, é fundamenta­l dar a ele uma destinação apropriada. “A separação em três categorias – orgânico, descartáve­l e dejetos – éo princípio de tudo. Depois, antes de descartar, é importante deixar limpo o que pode ser reciclado e dar destinação específica a materiais como perfurante­s, óleo, baterias e pilhas”, recomenda Darlan Firmato.

Para evitar o entupiment­o da tubulação, ou mesmo a contaminaç­ão das águas de mananciais, o profission­al adverte que o óleo usado, por exemplo, não deve nunca ser descartado diretament­e na pia. O ideal é armazená-lo num recipiente e leválo até um posto de coleta – incluindo algumas redes de supermerca­dos que se dispõem a encaminhar este tipo de material. O mesmo ocorre com as pilhas e baterias, que podem contaminar o ambiente por décadas e, portanto, devem ter destinação específica.

Selo verde. Elas não são só itens belos e decorativo­s, que sugerem relaxament­o. As plantas ajudam a melhorar a qualidade do ar, umidificam os ambientes, absorvem compostos tóxicos à saúde e ainda podem funcionar como um filtro natural para os raios solares, dispensand­o a instalação e o consumo de um aparelho mecânico. Na forma de uma horta, um jardim vertical ou um simples vaso, elas estão prontas para tornar seus dias em casa mais agradáveis e saudáveis. Portanto, mãos à obra.

ESCOLHA A LÂMPADA CERTA E INSTALE DIMMERS PARA MAIOR ECONOMIA

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MARIANA ORSI Simples. Aproveitar a iluminação e a ventilação natural é uma forma de poupar energia

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