O Estado de S. Paulo

‘Situação na Itália é um pouco assustador­a’

Jogador diz que cidades estão praticamen­te vazias e que as pessoas estão em casa à espera de um milagre

- A.G.

O zagueiro Igor Júlio, da Fiorentina, está em quarentena desde o início de março, quando o governo da Itália decretou a suspensão do futebol após o Comitê Olímpico Italiano exigir a interrupçã­o de todas as atividades esportivas. Segundo o jogador, que mora na cidade de Florença, a situação está “complicada e até um pouco assustador­a”.

Em entrevista ao Estado,

Igor Júlio, mineiro de 22 anos que desde os 18 está na Europa (jogou três anos na Áustria), fala sobre o cenário na Itália, um dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavíru­s. Explica como tem passado com a esposa, Bianca, o período de quarentena, estendido até 13 de abril, e destaca os cuidados que os brasileiro­s precisam tomar durante a crise.

Na Itália, as medidas restritiva­s por conta da pandemia do coronavíru­s foram estendidas. Como está a situação por aí?

A situação está bastante complicada, é até um pouco assustador. Não se vê ninguém na rua, nem carros. Estão todos em casa, esperando ter boas notícias, um milagre mesmo. Não dá para saber como está a cidade toda, mas, pelo que a gente vê onde moramos, está tudo bem vazio. Mas é o que tem de ser feito hoje, não tem como ser diferente.

Desde quando você está em quarentena e como tem passado por esse período?

Desde o início de março estamos respeitand­o o que as autoridade­s do mundo todo têm pedido. A gente vai tentando ocupar a cabeça, treino bastante, fico em casa, assisto a séries, filmes, leio também. É o que dá para ser feito.

Está conversand­o com os seus companheir­os de equipe? O que eles têm relatado?

Muito pouco. A gente conversa mais em grupo, fala sobre alguns exercícios que o clube passa para nós. Tenho ficado mais com a minha família.

Treina em casa e consegue adaptar uma rotina mesmo longe dos gramados?

O clube manda um pouco de treinament­o para fazermos em casa todos os dias. Recebemos pela manhã e fazemos esses treinament­os. É uma maneira de não ficar parado, tentar manter a forma o máximo possível. Não é fácil, mas tentamos fazer o que conseguimo­s para não perder o ritmo.

A sua família está no Brasil? Como está a relação de vocês e também a sua preocupaçã­o com eles em função da crise mundial?

Falo com a minha família e meus amigos todos os dias. Eles estão no Brasil e estou preocupado­s por eles também. Sei que estão se cuidando muito, mas também sei que no Brasil não são todos que estão levando tão a sério, o que preocupa.

No Brasil, ainda existem debates sobre a quarentena. Vendo a situação na Itália, qual é o seu conselho para os brasileiro­s?

O Brasil é bem maior, e vimos que está subindo o número de casos. Ficamos com medo, mas pedindo a Deus ajuda e, principalm­ente, para que todos no Brasil levem essa situação a sério, porque não é brincadeir­a. É algo que depende muito da gente e do que faremos para ajudar.

Está sentindo falta de jogar?

Demais, né? Estamos todos, eu acho. Entendendo completame­nte a situação e acho que todos estão conduzindo da melhor forma. Sinto muita falta, futebol é minha vida, mas acho que essa parada é necessária. Espero que em breve estejamos de volta. /

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GABRIELE MALTINTI/AFP

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