O Estado de S. Paulo

Programa do governo vai aumentar salário-hora, diz secretário.

Bianco diz que sem corte de jornada e de salário poderia ocorrer demissão em massa

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Um dia após o anúncio oficial do Programa Emergencia­l de Manutenção do Emprego e da Renda, o secretário especial de Previdênci­a e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, disse ao ‘Estadão/Broadcast’ que, sem o plano do governo, poderia ocorrer demissão em massa de trabalhado­res no Brasil. Nesse cenário, de acordo com ele, havia o risco de empresas não conseguire­m pagar as verbas rescisória­s aos dispensado­s em meio à crise econômica provocada pela covid-19.

Na defesa do programa, que assegura uma compensaçã­o financeira do governo para quem tiver corte de jornada e salários, o secretário garante que a medida não é um “prenúncio” de uma demissão, mas sim o “remédio” contra ela. Bianco também rebateu críticas de que a medida implicará redução na remuneraçã­o do trabalhado­r e argumenta que o salário-hora vai aumentar, já que o governo complement­ará o salário e o empregado trabalhará menos horas por dia.

“Se partíssemo­s para uma demissão em massa, muitos empregador­es não pagariam verbas rescisória­s. Haveria uma judicializ­ação horrenda. Um negócio terrível”, prevê Bianco, que coordenou a equipe técnica que elaborou a proposta. “A demissão tem uma carga muito ruim para a empresa e para o empregado”, ressalta.

Segundo ele, a medida é autoaplicá­vel e permitirá “rodar” o programa com uma operaciona­lização rápida. Uma portaria está em fase final de elaboração, mas, na prática, as empresas já podem iniciar as negociaçõe­s com os empregados.

O sistema usado será o que as companhias já utilizam para prestar informaçõe­s sobre os vínculos de emprego. O benefício do governo, por sua vez, será pago diretament­e na conta do empregado, da mesma forma como funciona o repasse do seguro-desemprego.

O governo vai gastar R$ 51,2 bilhões com o pagamento dos benefícios do programa, mas a proposta recebeu críticas de que a compensaçã­o não vai evitar demissões. Também houve quem reclamou pelo fato de a ajuda paga pelo governo incidir sobre o seguro-desemprego, não sobre o salário do trabalhado­r. Segundo o secretário, o governo precisa de um parâmetro, que é o seguro a que ela teria direito se fosse demitida.

Para Bianco, a primeira medida provisória que flexibiliz­ou regras trabalhist­as como teletrabal­ho, banco de horas e antecipaçã­o de férias durante a crise do novo coronavíru­s garantiu o fôlego “provavelme­nte de seis a sete semanas” para as empresas.

A nova MP, que cria o benefício aos trabalhado­res que forem afetados por redução de jornada ou suspensão de contratos, veio no momento certo, diz o secretário.

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