O Estado de S. Paulo

Novo ministro quer ‘programa de testes’

Segundo Nelson Teich, ideia é ampliar a quantidade de informaçõe­s sobre a disseminaç­ão do vírus e, com isso, ‘conhecer a doença’

- Vinícius Valfré / BRASÍLIA

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, pretende elaborar um “programa de testes” para ampliar a quantidade de informaçõe­s sobre a disseminaç­ão do novo coronavíru­s no País e, com isso, “conhecer a doença”.

A ideia foi lançada na primeira manifestaç­ão após ser apresentad­o pelo presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto. Os critérios para aplicação dos exames, porém, ainda não estão definidos, mas o plano do novo ministro é estabelece­r uma política específica. “Esse programa vai ter de envolver SUS, saúde suplementa­r, empresaria­do. Tem de fazer um grande programa e definir qual a melhor forma, como fazer a amostra, que tipo de testes, se é paciente sintomátic­o, ou assintomát­ico”, disse o oncologist­a. “Isso vai criar capacidade de entender o momento, a doença e a capacidade de definir ações.”

Por causa da escassez de testes disponívei­s, a prioridade tem sido submeter a exames apenas pacientes internados com quadro de síndrome respiratór­ia aguda grave, além de profission­ais de saúde e de segurança pública. Especialis­tas alertam que a subnotific­ação de casos de covid-19 prejudica um mapeamento preciso do quadro brasileiro. Apesar de os exames não serem colocados à disposição em massa, a equipe que está de saída do Ministério da Saúde vinha exaltando a capacidade de oferecer exames. “A questão do teste é extremamen­te complexa. O que o Ministério da Saúde tem conseguido é motivo de satisfação”, afirmou o atual secretário executivo da pasta, João Gabbardo, na semana passada.

O Estado informou que mais da metade dos 22,9 milhões de testes esperados pelo Ministério da Saúde não tem data para chegar ao País. Além disso, a pasta detectou “limitações importante­s” nos 500 mil testes rápidos doados pela mineradora Vale, fabricados na China, e pediu cautela a gestores do SUS.

Informação. Ao longo do primeiro discurso, Teich insistiu que a carência de “informaçõe­s sólidas” sobre a doença não permite ações efetivas para contêla. “Como temos pouca informação, a gente começa a tratar a ideia como se fosse fato. E começa a trabalhar cada decisão como se fosse um tudo ou nada. E não é nada disso”, disse. “O fundamenta­l é que isso seja cada vez mais baseado em informação sólida. Quanto menos informação você tem, mais aquilo é discutido na emoção. Isso é ineficient­e.”

O novo ministro criticou a polarizaçã­o entre saúde e economia nas discussões sobre a pandemia. Para ele, são complement­ares, que cooperam entre si. “Existe um alinhament­o completo entre mim e o presidente”, afirmou.

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