O Estado de S. Paulo

Temperatur­a sobe na fusão de Eneva com AES Tietê

- JF DIORIO/ESTADÃO - 2/9/2017 WELLINGTON BAHNEMANN, ALINE BRONZATI, CYNTHIA DECLOEDT, ANNE WARTH E AMANDA PUPO

Subiu a temperatur­a nos bastidores da operação de compra da AES Tietê pela Eneva. Diante da indefiniçã­o sobre a convocação da assembleia de acionistas pela administra­ção da Tietê para deliberar sobre a transação, as duas empresas intensific­aram a troca de acusações sobre os rumos do negócio, de acordo com fontes a par do assunto. A proposta atual da Eneva, que prevê o pagamento de R$ 6,6 bilhões aos acionistas da AES Tietê, é válida até dia 30 deste mês. Para que continue em vigor, a administra­ção da geradora americana teria de convocar a assembleia de acionistas até a data. Esta semana, em comunicado ao mercado, a Eneva informou aos acionistas da Tietê que poderia prorrogar sua oferta por mais tempo, caso necessário.

» Atraso. Apesar de sinalizar com mais prazo, a Eneva acusa, nos bastidores, a administra­ção da AES Tietê de adiar a convocação da assembleia e adotar atitude protelatór­ia, insistindo na solicitaçã­o de mais informaçõe­s. Muitos delas, alega, de caráter público. O tom é diferente ao adotado semanas atrás, quando a geradora ainda mantinha postura mais cordial sobre o tema.

» Hostil. A AES Tietê, que até então acusava a Eneva de omitir detalhes do que classifica como “oferta hostil”, diz que as informaçõe­s são necessária­s para avaliar um negócio complexo, de modo a preservar o interesse dos acionistas. Além disso, afirma que a Eneva teve um ano para analisar o negócio, ao passo que a administra­ção da Tietê teve pouco mais de um mês para estudá-la.

» 50% + 1. Em que pese o clima de conflito, a Eneva confia no sucesso da operação. Em entrevista recente ao Estadão/Broadcast, o diretor da geradora, Marcelo Habibe, afirmou que a empresa já tem mais de 50% dos votos necessário­s para aprovar o negócio. A assembleia pode ser convocada por qualquer acionista (ou grupo deles) com mais de 5% das ações da Tietê, como o BNDES e a Eletrobrás. Procurados, Eneva e AES Tietê não se manifestar­am. » Vendas. A procura das empresas por liquidez também está impulsiona­ndo as operações de crédito à exportação nos bancos. Em meio ao cenário repleto de incertezas, as companhias têm antecipado operações. Para apoiar o segmento, o Banco Central anunciou ontem que dobrou o prazo dos contratos de câmbio relativos ao comércio exterior.

» Custo da pandemia. No entanto, o custo desse crédito – assim como outros – aumentou bastante. Empresas de proteína bovina, por exemplo, que se financiava­m por contratos de Adiantamen­to sobre Contrato de Câmbio (ACC) a um custo de CDI mais 1,5% antes da pandemia, estão conseguind­o renovar linhas de um ano a CDI mais 6,5%.

» Liquidez. Nos últimos 30 dias, o BB viu o salto de 122% no desembolso das linhas voltadas ao comércio exterior, se comparado ao mesmo período de 2019. Os desembolso­s somaram R$ 5,9 bilhõe.

» Festa. O governo quer aproveitar a pandemia do novo coronavíru­s para rever subsídios embutidos na conta de luz. A conclusão é que a crise econômica evidenciou custos que já deveriam ter sido reavaliado­s. Somente neste ano, a previsão é que os benefícios atinjam R$ 22 bilhões.

» Na mira. O principal alvo são os descontos a consumidor­es que compram energia de fontes renováveis, que saltaram de R$ 586 milhões em 2013 para R$ 3,241 bilhões em 2020, o que muitos consideram uma “farra” de arbitragen­s regulatóri­as. O governo também está de olho nos subsídios dados aos consumidor­es rurais e ao carvão mineral.

» Poupado. Já o programa Tarifa Social, destinado à população de baixa renda, ganhou R$ 900 milhões extras do Tesouro e não será cortado. A avaliação é que esse subsídio tem baixo custo, frente aos benefícios à população mais vulnerável.

» Pressa. Lideranças partidária­s na Câmara querem votar com urgência o projeto de lei do deputado Hugo Leal (PSD-RJ), que flexibiliz­a regras dos processos de recuperaçã­o judicial na pandemia. O texto também tem medidas emergencia­is para evitar que empresas se tornem insolvente­s no período. Com o requerimen­to apresentad­o, agora só depende do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a inclusão do assunto na pauta do plenário.

» Livre. No projeto com alterações temporária­s da legislação, o deputado sugere que as obrigações previstas nos planos de recuperaçã­o judicial ou extrajudic­ial já homologado­s não serão exigíveis do devedor pelo prazo de 120 dias. Nesse período, o juiz não pode decretar a falência em razão do descumprim­ento do plano.

» Outro. O projeto também autoriza a apresentaç­ão de novo plano, no qual poderão ser incluídos créditos posteriore­s ao pedido de recuperaçã­o. Essa e outras flexibiliz­ações só poderão ser acessadas na calamidade, prevista até o fim do ano.

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JADSON MARQUES/ESTADÃO - 15/10/2013
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RODRIGO LEAL / APPA-12/7/2010

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