O Estado de S. Paulo

HOMENS EM UM DIA, MULHERES NO OUTRO

Bogotá faz rodízio de gênero para conter o vírus

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Homens por toda parte. Homens na padaria, homens de bicicleta, homens nos parques, homens nos corredores do supermerca­do. “É estranho”, disse a enfermeira Adriana Pérez, de jaleco, esperando no banco. Ela é a única mulher à vista. “Mas está funcionand­o.”

Bogotá, capital da Colômbia e maior cidade do país, juntouse ao Panamá nesta semana ao instituir uma medida de prevenção do vírus com base no gênero para limitar o número de pessoas nas ruas. Nos dias ímpares, os homens podem sair de casa para tarefas essenciais. Nos pares, é a vez das mulheres.

A Colômbia tem cerca de 3 mil dos mais de 60 mil casos da América Latina, a maioria deles concentrad­a em Bogotá. Para deter a disseminaç­ão do vírus, alguns países da região começaram a prender quem viola a quarentena. Outros instituíra­m toques de recolher. Já a Colômbia tenta a separação de gêneros.

Quem for flagrado violando a regra recebe multa de US$ 240 (R$ 1.258), o equivalent­e a um mês de salário mínimo na Colômbia. O país está em quarentena há quase um mês e a medida, limitando o deslocamen­to, é difícil para os trabalhado­res informais. Na quarta- feira, Yesica Benavides estava entre os homens em uma calçada de Bogotá tentando vender doces. Ela não tinha luvas nem proteção para o rosto, pois deu a única máscara para a filha de 3 anos, Nicole, que a acompanha todos os dias. “Se não sairmos, não teremos o que comer”, disse Yesica. Tantos homens quanto mulheres têm participad­o de panelaços nas ruas.

Mas a medida também foi elogiada. No bairro de classe média de El Recuerdo, a polícia deteve mulheres. “Quanto menos pessoas nas ruas, melhor”, disse o engenheiro William Legizamón ao sair de um supermerca­do. / NYT, TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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LUISA GONZALEZ / REUTERS Protestos. Homens e mulheres organizam panelaços

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