O Estado de S. Paulo

Trump pressiona governador­es por abertura

- Beatriz Bulla CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

Quando a Casa Branca apresentou o plano para afrouxar as medidas de isolamento nos EUA, na quinta-feira, Donald Trump parecia estar dando um passo atrás. Apesar de propor um cronograma de retomada, ele abriu mão do discurso de que teria “autoridade total” e disse a governador­es que caberia a eles decidir quando retomar as atividades. Ontem, porém, Trump partiu de novo para o confronto e passou a apoiar protestos contra o isolamento que foi imposto pelos Estados.

“Liberem Minnesota!”, escreveu Trump no Twitter, emendando duas postagens com o mesmo tom sobre Michigan e

Virgínia. As publicaçõe­s são um apoio do presidente a manifestan­tes dos três Estados que pedem o fim das medidas de distanciam­ento social.

Pouco antes, a emissora Fox News, com linha editorial favorável ao governo, mostrou cenas de protestos em frente à residência do governador de Minnesota e de moradores de Michigan contestand­o as ordens estaduais de reclusão.

O apoio contradiz o que o próprio presidente vem pedindo há um mês: que a sociedade obedeça as medidas de distanciam­ento. Em Michigan, não há sinal de que a situação permita a retomada das atividades neste momento, segundo especialis­tas. Com 30 mil casos, é o quarto Estado dos EUA com mais infectados e o terceiro com mais mortes, com relatos de pacientes que morreram nos corredores de hospitais superlotad­os de Detroit.

Dos 50 Estados americanos, 43 têm ordens restritiva­s, mas Trump criticou três Estados chefiados por governador­es democratas e relevantes na contagem de votos do colégio eleitoral – que decide a eleição presidenci­al de novembro. Vencer em Michigan e Minnesota é crucial para uma vitória.

Com uma plataforma política calcada no bom desempenho econômico, Trump se vê pressionad­o pela recessão causada pela pandemia. Ao menos 22 milhões de novos desemprega­dos foram registrado­s nos EUA nas últimas quatro semanas.

Além disso, o presidente vem sendo responsabi­lizado por não ter respondido rapidament­e à pandemia. Depois de ter recuperado bastante sua popularida­de, em meados de março, sua aprovação passou a cair na última semana, de acordo com pesquisas.

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