SIMULADORES FAZEM A ALEGRIA DOS PILOTOS
Com as corridas suspensas, treinos virtuais são a única maneira de conhecer pista e manter o reflexo
As corridas de carro saíram dos autódromos e entraram em casa nesta pandemia do novo coronavírus. Pilotos das mais variadas categorias têm utilizado plataformas virtuais em computadores e até jogos de videogame para treinar enquanto os campeonatos estão suspensos.
Os treinos em simuladores já fazem parte do cotidiano dos pilotos de Fórmula 1 e outras categorias há anos, mas atualmente se tornaram a única opção. No momento só é possível conhecer as pistas, testar reflexos, pisar no acelerador e fazer ultrapassagens quando se está acomodado diante de um aparato capaz de reproduzir virtualmente boa parte das sensações de uma pista de verdade.
Muitos pilotos utilizam plataformas de simuladores que chegam a custar mais de R$ 100 mil. Alguns chegam a se reunir pela internet e organizar campeonatos. Felipe Massa e Rubens Barrichello, por exemplo, têm participado de uma competição beneficente nos últimos dias com a presença de 28 participantes.
Para Igor Fraga, da F-3, a rotina em simuladores não é nova. O piloto de 21 anos foi campeão mundial de Gran Turismo, único campeonato virtual homologado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA), e chega a treinar cinco horas por dia. A plataforma preferida dele é o PlayStation 4, com acréscimo de um volante para reproduzir os movimentos.
“As competições online do jogo têm um nível muito alto. O simulador te faz desenvolver bem a habilidade para acelerar e as técnicas de frenagem”, explicou. No fim do ano passado, Fraga guiou em um evento de simuladores de Gran Turismo 4 como companheiro de Lewis Hamilton. “O Hamilton chegou a ter dificuldade em algumas voltas iniciais. Depois ele já melhorou e teve uma capacidade de adaptação impressionante.”
O piloto da Stock Car Sérgio Jimenez é outro apreciador de simuladores. “Até ajuda a manter a concentração. Como não tem o barulho do motor, você precisa ficar mais ligado.”
Tricampeão da Stock Car, Daniel Serra não acelera em uma pista há quase dois meses e tem sentido falta da velocidade. “Existe um jeito certo de se guiar no simulador, mas nem sempre é o mesmo jeito de se guiar na realidade. Eu gosto de usar para aprender algumas pistas, mas o simulador não tem às vezes os detalhes mais específicos do circuito”, disse.
Já para quem anda de moto, não há alternativa. O piloto Eric Granado, da Moto-E, não tem com substituir a falta de corridas. “Na moto não tem simulador. E os que existem, lá na Europa, são distantes da realidade. A moto transmite uma sensação na pista que é difícil colocar em uma máquina”, explicou.