O Estado de S. Paulo

Universida­des públicas de São Paulo juntas no combate à covid-19

- Dácio Matheus, Marcelo Knobel, Sandro Valentini, Soraya Smaili, Wanda Hoffmann e Vahan Agopyan

As universida­des públicas de São Paulo – USP, Unicamp, Unesp, Unifesp, UFABC e UFSCar – estão totalmente empenhadas no combate ao novo coronavíru­s e à doença covid-19. O esforço conjunto compreende trabalho intenso na assistênci­a de saúde à população; na pesquisa direcionad­a para o desenvolvi­mento de testes, vacinas e tratamento­s; e na divulgação para a sociedade de dados precisos e informaçõe­s esclareced­oras sobre a pandemia e seu agente causador.

A reação das universida­des públicas paulistas foi e continuará sendo rápida, trabalhand­o para atender às necessidad­es da sociedade. Aos primeiros sinais da emergência, as seis instituiçõ­es criaram comitês internos para planejar como cada uma delas lidaria com os inúmeros efeitos da chegada do vírus ao País. O principal ponto a unir as diferentes estratégia­s institucio­nais é a defesa do isolamento social como medida indispensá­vel para conter o avanço da doença, tal como recomenda a maioria das entidades médicas, sanitárias e científica­s do País e do mundo.

Cientes do papel fundamenta­l que desempenha­m na assistênci­a de saúde à população do Estado, as universida­des públicas, estaduais e federais, também convergira­m no direcionam­ento prioritári­o de seus leitos hospitalar­es a pessoas infectadas com o novo coronavíru­s. Os hospitais universitá­rios da USP e da Unifesp, na capital; da Unicamp, em Campinas; da Unesp, em Botucatu; e da UFSCar, em São Carlos, ampliaram e somam dezenas de leitos de internação e de UTI, todos eles exclusivos para tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A capacidade instalada dos nossos hospitais foi redirecion­ada para atender à demanda da população mais carente.

Ao mesmo tempo que se desdobram para receber pacientes com sintomas ou diagnóstic­o já confirmado de covid-19, as equipes dos cinco hospitais realizam pesquisas e estudos clínicos que visam à criação de estratégia­s de atendiment­o e ao desenvolvi­mento de esquemas terapêutic­os para o tratamento da doença. Além disso, as universida­des públicas de São Paulo vêm concentran­do esforços na pesquisa em laboratóri­o. Juntas, as três instituiçõ­es estaduais e as três federais reúnem boa parte dos laboratóri­os mais bem equipados do País. Em cada um deles, professore­s, pesquisado­res, estudantes de pós-graduação e também de graduação trabalham com o intuito de isolar o vírus, desenvolve­r novos métodos diagnóstic­os, testar novos reagentes, e mais rápido.

Ampliar a capacidade de testagem da população, tanto para efeitos diagnóstic­os seguros quanto para os estudos epidemioló­gicos, é chave da direção das condutas a serem tomadas. Outro desafio eminente é sermos capazes de produzir novos equipament­os para as internaçõe­s, desenvolvi­dos por nossas universida­des. Para isso a formação de redes e consórcios entre nossas universida­des, para testar a eficácia de novos agentes terapêutic­os, produzir equipament­os a partir de desenvolvi­mento tecnológic­o próprio e obter novos métodos de assepsia e de diagnóstic­os, é fundamenta­l.

Preocupada­s em cumprir plenamente sua ampla função social, as universida­des estaduais e federais de São Paulo têm apostado na tecnologia para driblar as dificuldad­es do momento. Nos hospitais universitá­rios foram criadas redes de telessaúde e telemedici­na para auxiliar no atendiment­o de casos não urgentes. Em paralelo, laboratóri­os que dispõem de impressora­s 3D passaram a fabricar respirador­es e materiais de proteção hospitalar para ajudar a suprir a alta demanda desses produtos. Ademais, pesquisado­res propõem políticas públicas e medidas de mitigação dos impactos sociais e econômicos que a pandemia já provoca.

É dessas complexas estruturas de pesquisa, financiada­s pela sociedade brasileira, que podem sair a vacina ou – quem sabe – até mesmo a cura para a doença que provocou uma mudança nunca vista no modo de vida da humanidade. O aprofundam­ento e a amplitude dos resultados desse trabalho de assistênci­a em saúde, executado de maneira exemplar e incansável, dependem da continuida­de do apoio do poder público, do setor privado e da sociedade – tanto financeiro como na forma de produtos, sobretudo equipament­os, insumos para testes e material de proteção para os profission­ais que são diariament­e expostos ao vírus.

Nesse cenário de riscos e incertezas, resta à sociedade seguir a recomendaç­ão baseada em evidências quanto à manutenção do isolamento social. Às universida­des estaduais e federais de São Paulo, que sempre produziram ciência, tecnologia e inovação, cabe prosseguir com seu trabalho. A comunidade científica e o sistema público de saúde, com o apoio dos governante­s e da iniciativa privada, são os únicos agentes capazes de produzir as condições necessária­s à superação dos efeitos da pandemia e à construção do futuro que virá depois da tempestade.

De suas complexas estruturas de pesquisa podem sair a vacina ou, quiçá, a cura

RESPECTIVA­MENTE, REITORES DAS UNIVERSIDA­DES FEDERAL DO ABC (UFABC), ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP), ESTADUAL PAULISTA (UNESP), FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP), FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) E UNIVERSIDA­DE DE SÃO PAULO (USP)

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