O Estado de S. Paulo

AGU pede para enviar apenas trecho de vídeo

- Paulo Roberto Netto Fausto Macedo

A Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou novo pedido de reconsider­ação ao ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, solicitand­o restrição no envio à Corte da gravação de reunião ministeria­l ocorrida no dia 22 de abril. A reunião foi citada pelo ex-ministro Sérgio Moro como a ocasião em que o presidente Jair Bolsonaro teria pressionad­o o ex-juiz a trocar o comando da Polícia Federal.

No pedido, a AGU “roga” que o decano limite o envio a “apenas e tão somente a eventuais elementos que sejam objeto do presente inquérito” – ou seja, as conversas entre Moro e o presidente sobre o comando da PF. A ordem de Celso cobra o envio da íntegra da reunião, sem edições ou alterações.

O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, disse ontem que as reuniões do presidente com o primeiro escalão não têm obrigatori­edade de serem gravadas e tratam de assuntos de segurança nacional. “A reunião não necessaria­mente é filmada, não é como uma reunião na Câmara dos Deputados, que tem por lei ser filmada.”

A defesa de Moro rebateu o pedido de reconsider­ação da AGU. Em petição enviada a Celso de Mello, o advogado Rodrigo Sánchez Rios, diz que “eventuais colocações constrange­doras” de Bolsonaro “não são motivos aptos a impedir o atendiment­o de determinaç­ão judicial”, pois não se trata de “segredo de Estado”. “Destacar trechos que são ou não importante­s para a investigaç­ão é tarefa que não pode ficar a cargo exclusivo do investigad­o”, afirmou a defesa de Moro.

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