O Estado de S. Paulo

O que explica o saldo comercial na pandemia

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Exportaçõe­s de US$ 18,3 bilhões e importaçõe­s de US$ 11,6 bilhões permitiram, em abril, um superávit comercial de US$ 6,7 bilhões, o maior para o mês nos últimos três anos, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Apesar da queda de 2,2% da corrente de comércio (soma de exportaçõe­s e importaçõe­s), para US$ 123 bilhões no primeiro quadrimest­re do ano, o comércio exterior brasileiro parece sofrer menos as consequênc­ias da pandemia do que outras atividades econômicas, ajudando a atenuar seu impacto sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, bem como contribuin­do para evitar déficit maior na conta corrente do balanço de pagamentos.

Pelo critério de média diária, as exportaçõe­s caíram 0,3% entre abril de 2019 e abril de 2020 e as importaçõe­s declinaram 10,5%. Especialis­tas já reveem, para mais, as expectativ­as para o superávit comercial do ano. A Secex espera saldo positivo da ordem de US$ 46,6 bilhões, apenas 3% inferior ao de 2019. A elevada competitiv­idade dos produtos primários brasileiro­s e a demanda asiática, região para a qual se destinaram 47,2% do total das exportaçõe­s brasileira­s do primeiro quadrimest­re, com cresciment­o de 15,5% em relação a igual período de 2019, tiveram papel decisivo no comportame­nto do comércio exterior.

Produtos do agronegóci­o como soja e farelo de soja, carnes bovina e suína e algodão bateram recordes históricos mensais de exportaçõe­s em volume em março. Segundo o Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto (Mapa), as exportaçõe­s de itens agropecuár­ios cresceram 17,5% no período.

Em contraste com a crise no mercado de petróleo, as exportaçõe­s de óleo bruto atingiram 1 milhão de barris/dia em abril, 145% mais do que em abril de 2019. A Petrobrás atribuiu o fato à qualidade do óleo brasileiro.

A força dos produtos primários compensou, em larga medida, a queda das exportaçõe­s de manufatura­dos, como veículos, celulose e motores. As vendas para a Ásia, não só para a China, mas para a Coreia do Sul, Cingapura e Tailândia, ajudaram a compensar a queda das vendas para os Estados Unidos e a América do Sul, não só para Argentina, mas para Chile, Uruguai, Paraguai e Peru. A China, ressalte-se, continua sendo o grande importador de produtos brasileiro­s, o que figuras importante­s em Brasília não querem admitir.

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