Dólar sobe 2,4% e vai a R$ 5,84, novo recorde histórico
O dólar subiu ontem 2,4% e fechou a R$ 5,84, novo recorde histórico nominal. Segundo operadores, a oscilação refletiu a decisão do Banco Central de cortar a taxa básica de juros (Selic) para 3% e também sinalizar nova redução em junho – o que deve diminuir ainda mais o interesse de investidores estrangeiros em aplicar seus recursos no País.
De novo, o real registrou o pior desempenho frente ao dólar considerando uma cesta com 34 moedas internacionais. No mês, a moeda americana tem valorização de 7,4%, com ganho de 45% no acumulado do ano.
Para tentar evitar maior oscilação, o Banco Central chegou a fazer duas intervenções extraordinárias, vendendo US$ 500 milhões em swap pela manhã e outros US$ 500 milhões no final da tarde. Essas operações equivalem à venda de moeda no mercado futuro.
Nas duas operações, porém, o leilão acabou produzindo pouco efeito porque, segundo operadores, o mercado queria também dólar à vista. Na máxima do dia, a moeda americana bateu em R$ 5,87.
“O real permanece para nós como uma das moedas de país emergente com o maior risco de piora”, afirmou a analista de moedas do Commerzbank, Antje Praefcke.
“O dia foi tenebroso. O corte de juros surpreendeu e deixou a sinalização de nova redução em junho (na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC), que pode ser da mesma magnitude”, completou o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem.
Ações. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o pregão com um recuo de 1,2%, aos 78.118 pontos. Continuou a pesar na avaliação dos investidores a perspectiva de queda acentuada da atividade industrial nos próximos meses, em função da quarentena determinada para tentar combater a disseminação do coronavírus. Outro motivo apontado por operadores foi o desdobramento da crise política entre o presidente Jair Bolsonaro e lideranças do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
O movimento financeiro chegou a R$ 30,9 bilhões, valor mais alto do que o registrado diariamente ao longo da semana passada. Com o pregão de ontem, o Ibovespa passou a acumular queda de 2,97% no mês e de 32,45% desde o início do ano.