CONFORTO EM MARCHA
Mais da metade dos automóveis vendidos no País neste ano tem câmbio automático, sistema desenvolvido por brasileiros
Mais da metade dos automóveis vendidos no Brasil neste ano saiu de fábrica com câmbio automático. São exatos 52,4% de participação no acumulado de janeiro a abril, de acordo com informações da IHS Marki, consultoria especializada no setor de veículos.
Embora os números sejam parciais e possam mudar ao longo do ano, é a primeira vez que isso ocorre. Trata-se da consolidação de uma tendência que vem ganhando força faz tempo.
Em 2010, apenas 10,6% dos automóveis vendidos no País eram automáticos. Mas desde 2013 a opção pelo sistema não para de crescer – saltou para 30,8% em 2015 e 43,1% em 2017. Em 2019, 49,5% dos veículos de passeio emplacados no Brasil tinham esse tipo de transmissão.
A principal vantagem do câmbio automático é o conforto, sobretudo no trânsito urbano. Isso porque o motorista não precisa ficar acionando o pedal de embreagem o tempo todo para acompanhar o “anda e para”.
Made in Brasil. O sistema de troca automática de marchas foi inventado em 1921 pelo canadense Alfred Horner Munro e patenteado dois anos depois. Mas, como utilizava ar comprimido, não era viável para uso em veículos como automóveis.
Em 1932, os brasileiros José Braz Araripe e Fernando Lehly Lemos criaram um protótipo de transmissão automática acionado por fluido hidráulico. O sistema foi vendido à General Motors, que viabilizou seu desenvolvimento e aplicação.
Lançado com o nome comercial de Hydra-Matic, o recurso passou a ser oferecido em outubro de 1939 como parte da lista de opcionais da linha 1940 dos carros da Oldsmobile, uma das marcas da GM. O sistema custava US$ 57. Em valores atualizados, isso dá uns US$ 1.050. O sucesso foi tão grande que o termo virou uma espécie de sinônimo de câmbio automático, inclusive no Brasil.
Alardeado como sendo “o maior avanço desde o motor de partida”, no ano seguinte o Hydra-Matic virou equipamento da Cadillac. Os testes feitos com os “Olds” garantiram a chancela para uso nos carros da marca de maior prestígio do grupo americano.
Com a Segunda Guerra, o sistema passou a equipar veículos militares, inclusive tanques. Após o fim do conflito, a GM incluiu a mensagem “testada em batalha” nas campanhas de venda da transmissão.
Entre as curiosidades, de 1952 a 1967 a Rolls-Royce produziu o sistema, sob licença. O câmbio da GM equipava carros da Rolls e da Bentley.