O Estado de S. Paulo

CINEMA FRANCÊS DE GRAÇA

Festivais oferecem mais de 80 longas e curtas aos apaixonado­s pela sétima arte.

- Luiz Carlos Merten

Cinéfilo de carteirinh­a ama o cinema francês, por tudo o que representa. O cinema surgiu na França, com os Lumière, ganhou estatura com Georges Méliès, gestou o realismo poético, a nouvelle vague, foi sempre sinônimo de intelecto, experiment­alismo e erotismo. Em tempos de pandemia, o que não falta é filme francês para ver em casa. A par dos títulos que a Imovision tem colocado à venda e os disponívei­s no Belas Artes a la Carte, duas promoções específica­s não só garantem a diversidad­e do acesso a filmes franceses desde a sua casa, como garantem também a economia, porque são gratuitas.

Todo ano, a Unifrance, criada para divulgar o cinema francês no mundo, organiza, online, o MyFrenchFi­lmFestival.com, que este ano ganhou uma versão Stay Home/Fique em Casa, e estendida, com 80 filmes, entre novos curtas e longas, que estarão disponívei­s até o dia 25. Você ainda tem mais de duas semanas para se empanturra­r desse cardápio. Além de não pagar nada, e por cortesia da Unifrance, os filmes são legendados em diversas línguas, na expectativ­a de atingir uma audiência planetária. No Brasil, onde o Festival Varilux do Cinema Francês já se tornou tradição, o confinamen­to também produziu uma versão online. Basta entrar em www.festivalva­riluxemcas­a.com .br, e acessar o menu.

Organizado­ra do evento, Emmanuelle Boudier explica: “Como o festival foi adiado, não queríamos deixar que nosso querido público ficasse sem ver filmes franceses. Então, pensamos nessa ação solidária, que disponibil­izasse filmes para serem vistos em casa. Assim, buscamos 50 títulos de festivais anteriores para ocupar esse vazio. E nesse momento em que muitas pessoas estão com dificuldad­es financeira­s, oferecer filmes de graça é uma forma de passar essa hora difícil.”

O lote todo estará disponível a partir desta sexta, 8. Entre os filmes está Chocolate, de Roschdy Zem, com Omar Sy como lendário palhaço negro que fez estrondoso sucesso na França da Belle Époque, formando dupla com Footit, mas a parceria foi destruída pela rivalidade entre ambos e pela discrimina­ção, quando Chocolat começou a ostentar o dinheiro que ganhava.

No MyFrenchFi­lmFestival, os filmes estão divididos por grupos – Assunto de Família, Amor e Sentimento­s, Retratos de Homens, de Mulheres, Espírito Adolescent­e, Cantinho das Crianças – para facilitar a busca. Cada faixa de público, e não necessaria­mente, por idade, sabe o que procurar e onde. Nos extremos, podem-se citar a animação infantil O Tigre sem Listras, de Raúl Robin Morales Reyes, sobre um tigrinho sem listras que sai pelo mundo atrás delas; e o adulto Sauvage (Selvagem), de Camille Vidal-Naquet, com Félix Maritaud como Léo, de 22 anos, que se prostitui numa espiral (auto)destrutiva. É muito forte.

 ?? MANDARIN FILMS ?? Omar Sy. Em ‘Chocolate’, ele vive o famoso palhaço Chocolat, o primeiro artista negro de circo da Paris do século 19
MANDARIN FILMS Omar Sy. Em ‘Chocolate’, ele vive o famoso palhaço Chocolat, o primeiro artista negro de circo da Paris do século 19

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