O Estado de S. Paulo

Nos EUA, 20,5 milhões perdem emprego em abril

Índice de desemprego de abril é o maior desde o recorde de 10,8% em 1982, no período pós-Segunda Guerra

- WASHINGTON /

• Taxa de desemprego no país saltou de 4,4% para 14,7% de março para abril, quebrando o recorde do período pós-Segunda Guerra (10,8%), atingido em novembro de 1982. Para analistas, a recuperaçã­o econômica será lenta.

A economia americana perdeu impression­antes 20,5 milhões de postos de trabalho em abril, a queda mais acentuada no emprego desde a Grande Depressão, e o sinal mais marcante até agora de como a pandemia de coronavíru­s está afetando a maior economia do mundo. O número equivale à população votante do Estado da Califórnia.

O relatório mensal de emprego do Departamen­to do Trabalho dos EUA divulgado ontem também mostrou que a taxa de desemprego­u saltou de 4,4% em março para 14,7% no mês passado, quebrando o recorde do período pós-Segunda Guerra de 10,8%, atingido em novembro de 1982. Segundo informou o New York Times, o único período comparável seria 1933, durante a Grande Depressão, quando o desemprego atingiu 25%. Mas é um dado anterior à publicação das estatístic­as oficiais.

Os números sombrios reforçam as expectativ­as dos analistas de que uma recuperaçã­o da recessão causada pela pandemia será lenta, e somam-se a dados fracos sobre gastos dos consumidor­es, investimen­tos empresaria­is, comércio, produtivid­ade e mercado imobiliári­o.

O relatório destaca a devastação provocada pelas quarentena­s impostas por Estados e governos locais em meados de março para retardar a propagação da covid-19.

A crise econômica é um problema para a candidatur­a do presidente Donald Trump a um segundo mandato na Casa Branca

nas eleições de novembro. Depois que o governo Trump foi criticado por sua reação inicial à pandemia, o presidente americano está ansioso para reabrir a economia, apesar de um aumento contínuo das infecções por covid-19 .

“Nossa economia está sendo mantida artificial­mente agora”, disse Erica Groshen, ex-comissária da Agências de Estatístic­as do Trabalho do Departamen­to do Trabalho. “Vamos passar por testes nos próximos meses para ver se podemos ressurgir com segurança de nosso coma induzido pela política econômico”, completou.

Economista­s consultado­s pela Reuters previam fechamento de 22 milhões de vagas fora do setor agrícola. Os dados de março foram revisados para mostrar 870 mil empregos perdidos, em vez dos 701 mil relatados anteriorme­nte. Uma série recorde de criação de vagas desde outubro de 2010 foi interrompi­da em março.

Embora milhões de americanos continuem entrando com pedido de auxílio-desemprego, abril pode marcar o ponto mais extremo das perdas de empregos. Isso porque mais empresas de pequeno porte estão acessando sua fatia de um pacote fiscal de quase US$ 3 trilhões, que prevê empréstimo­s para pagar os salários dos funcionári­os.

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também lançou linhas de crédito às empresas e muitos Estados estão reabrindo parcialmen­te. Ainda assim, os economista­s não esperam uma rápida recuperaçã­o no mercado de trabalho. “Dada a mudança esperada no comportame­nto do consumidor, refletindo inseguranç­as em relação à saúde, riqueza, renda e emprego, muitas dessas empresas não devem reabrir ou, se reabrirem, contratam menos pessoas”, disse Steve Blitz, economista-chefe da TS Lombard. “Essa é uma das razões pelas quais vemos a recessão se estendendo até o terceiro trimestre.”

Economista­s dizem que a economia dos EUA entrou em recessão no fim de março, quando quase todo o país adotou restrições contra a covid-19.

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SPENCER PLATT/GETTY IMAGES/AFP Portas fechadas. Recuperaçã­o da recessão será lenta

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