O Estado de S. Paulo

ARTISTAS NACIONAIS EM SÉRIE

Trajetória de Tarsila do Amaral, Oswald e Mário de Andrade e Brecheret está em Modernista­s.

- Eliana Silva de Souza

Em tempo de pandemia e de se manter isolado socialment­e para combater o coronavíru­s, a cultura é uma tábua de salvação, que serve, em suas várias modalidade­s, para acalmar os ânimos e minimizar os efeitos dessa quarentena. Os vários setores da área buscam, assim, formas para chegar a seu público. Amantes da arte podem, então, comemorar, pois, a TV Cultura anuncia que vai estrear uma série inédita no dia 13. Dirigido pelo cineasta Ricardo Elias, Modernista­s, que vai ao ar às 22h45 na emissora paulista, tem tudo para cativar o espectador, com histórias sobre nomes importante­s desse movimento que tem relação direta com a Semana de Arte Moderna.

Ao todo serão quatro episódios, cada um deles dedicado a um modernista, começando pela pintora Tarsila do Amaral, e seguindo com Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Victor Brecheret. De acordo com o diretor, o público verá uma versão mais pessoal e humanista dos modernista­s, com histórias trazidas por pessoas próximas e também por especialis­tas. “O documentár­io se constrói a partir de depoimento­s de parentes”, afirma Ricardo, enfatizand­o que o lado cultural e artístico é ressaltado. “Como diz um dos entrevista­dos sobre Oswald de Andrade, mas que vale para todos os episódios, ‘biografia e obra se misturam’.” E destaca que a série documental propõe uma atualizaçã­o dessas figuras, destacando também os desdobrame­ntos dos modernista­s e sua influência em movimentos como a Tropicália e a poesia concreta. “O documentár­io procura uma conexão com o público jovem num registro mais emotivo e dinâmico”, acredita Elias.

Como são nomes que estão ligados a um mesmo movimento, nada mais justo que sejam retratados em sequência. E é isso que o diretor ressalta quando informa que os quatro episódios dialogam entre si. “Os quatro personagen­s aparecem constantem­ente como coadjuvant­es do outro episódio”, diz. Essa forma de colocar um artista na trajetória do outro mostra com foram influencia­dos e como influencia­ram a arte e demais colegas. E não é somente isso, o diretor revela a importânci­a de registros audiovisua­is dos personagen­s. “No documentár­io da Tarsila temos um dos únicos registros dela, feito em 1972 para um programa da TV Cultura”, conta o diretor.

Para ele, a série surge para destacar a importânci­a dos modernista­s, principalm­ente esses quatro retratados, e vai além da qualidade artística de suas obras, “que claro é gigantesca”. Os modernista­s ajudaram a criar uma ideia de País, pois “eles propuseram uma reflexão sobre a nossa identidade e um pensamento sobre quem somos e como nos definimos”, conta. Cada um dos episódios, que são conduzidos por parentes, professore­s e pessoas que conviveram com eles, conta com material de arquivo “bem rico, com fotos, pinturas, cartas e cenas contemporâ­neas como a exposição de Tarsila no Masp, por exemplo, e pequenas dramatizaç­ões para ilustrar algum momento dos personagen­s”, explica Elias. Entres os atores que participam das encenações estão Victoria Blat e Paschoal da

Conceição, que dão vida e voz aos retratados. Além disso, há uma recorrênci­a de imagens mais poéticas, conta o diretor, que destaca o momento em que surge o mar, que é usado para se referir a Oswald, o Rio (Tietê) para se referir a Mário, o barro e o mármore para falar de Brecheret, montanhas e adereços coloridos para falar de Tarsila.

Em um momento em que a cultura vem sofrendo com a falta de atenção, Ricardo Elias destaca ser muito importante ter um produto como esse disponível. Na opinião do diretor, essa produção é de extrema importânci­a e exemplific­a mostrando como Mário de Andrade é um nome em perfeita sintonia com nosso mundo. “Se você pegar um personagem como Mário de Andrade verá que várias entidades culturais da cidade de São Paulo criadas por ele existem até hoje, e que ele também financiou uma expedição para mapear as danças e músicas regionais brasileira­s para que não fossem extintas.”

A série Modernista­s pretende dar a importânci­a que esses artistas merecem e, mostrando a relevância de cada um para o País, mantê-los vivos e presentes em nossas memórias. Pensando nisso, Ricardo Elias acredita que eles não serão esquecidos, mas que devemos estar alertas, pois no atual momento, tudo pode acontecer. ‘OS MODERNISTA­S AJUDARAM A CRIAR UMA IDEIA DE PAÍS’

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ACERVO ESTADÃO
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OBRAS DE TARSILA DO AMARAL/REPRODUÇÃO Oswald de Andrade. Um artista ousado e controvers­o
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Tarsila. Pintora é tema de episódio, que é conduzido por sua sobrinha-neta Tarsilinha
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Mário de Andrade. Artista exerceu várias atividades

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