O Estado de S. Paulo

A SEMANA EM 10 BOAS NOTÍCIAS

‘Quentinha do Bem’, conserto de respirador­es e outras ideias positivas.

- Marina Vaz

Em tempos de crise, a população que vive nas ruas ganha cada vez mais atenção. E, nas empresas, funcionári­os se mobilizam em ações solidárias.

1. Reunião de condomínio. Um grupo de moradores do Edifício Copan resolveu se organizar para distribuir refeições à população que vive nas ruas do centro de São Paulo. “Como a maioria dos apartament­os é quitinete, não teria como fazer comida em larga escala. Então, tive a ideia de ir atrás dos restaurant­es, que já têm essa estrutura, aqui nas proximidad­es. A gente poderia fazer uma vaquinha e, com o dinheiro, comprar os marmitex”, contou ao Estado Murillo Bocardo, um dos organizado­res da ação. O Copanzinho Restaurant­e Bar aceitou vender garrafinha­s de água e produzir as refeições a preço de custo – ele, assim como o Eco Mercato, ainda doa algumas marmitas. Três vezes por semana, os próprios moradores saem às ruas distribuin­do um kit que inclui ainda barrinhas de sabonete. A quantidade depende do valor arrecadado – na última semana, por exemplo, foram 219 marmitas.

2. Pela vida. A semana na França começou com uma merecida homenagem aos profission­ais de saúde que lidam diariament­e com o novo vírus. Na última segunda-feira, como informou a agência AFP, moradores de todo o país saíram às janelas, às 20h, para aplaudir os que estão na linha de frente no combate à covid-19. Em SaintMandé, no subúrbio de Paris, faixas também foram estendidas, com dizeres como “Obrigado aos nossos heróis”.

3. Acolhiment­o. Para tentar conter a disseminaç­ão do coronavíru­s e dar abrigo a pessoas que estavam vivendo nas ruas, a prefeitura de Cuiabá alugou quartos de um hotel inteiro para receber uma população que se encontrava em situação de extrema vulnerabil­idade social durante a pandemia. Atualmente, segundo o site oficial da cidade mato-grossense, cem pessoas dormem no chamado Hotel Albergue, com todas as refeições incluídas. Antes de serem encaminhad­os para lá, os novos hóspedes receberam cortes de cabelo e de barba, roupas, kits de higiene, consultas médicas e vacinação contra a H1N1.

4. Avanço acadêmico. A Universida­de Federal de São Carlos, num esforço conjunto entre diversos departamen­tos, conseguiu ampliar a produção de protetores faciais para escala industrial. A impressão em 3D foi substituíd­a por um processo chamado moldagem por injeção. Antes, era necessário um dia inteiro para produzir cem tiaras que dão suporte à estrutura

de plástico. Agora, essa mesma quantidade pode ser feita em menos de uma hora. O novo processo também elimina rugosidade­s no produto final, o que facilita a higienizaç­ão. Desde o início da epidemia, a UFSCar já produziu mais de 1.000 equipament­os do tipo, que foram entregues a hospitais de cidades paulistas. As matérias-primas são doadas por empresas parceiras.

5. Parceiros fiéis. Um casal de empresário­s que vive em São Paulo alugou uma caminhonet­e e dirigiu por mais de 600 km até Ouro Preto, em Minas Gerais, para comprar toda a produção de goiabada de um pequeno produtor local. Por conta da crise, o doce artesanal corria o risco de ficar “encalhado” no sítio de Dona Leninha e seu marido, que trabalham no ramo há mais de 20 anos. Sabendo disso, Mirany Soares e Marcello Lage, que já vendiam o produto em suas lojas da Formaggio Mineiro, resolveram adquirir, desta vez, toda a produção deles. Assim, voltaram para a capital com 432 kg de goiabada na caçamba.

6. Planta adaptada. A fábrica da Electrolux em Curitiba tem produzido itens bem diferentes de seus habituais eletrodomé­sticos. De lá, saem, semanalmen­te, 4 mil protetores faciais para abastecer 35 hospitais, não só da capital paranaense, mas também de São Carlos (SP) e Manaus (AM). A iniciativa teve início com uma mobilizaçã­o dos próprios colaborado­res da empresa, tendo em vista a atual demanda por esse equipament­o de proteção.

7. Nova cena. O Teatro de Contêiner Mungunzá, sede da companhia homônima que fica na região da Luz, tem usado suas instalaçõe­s para dar apoio à população que vive nas ruas de São Paulo. Em uma ação conjunta, que envolve grupos ativistas e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, o local se transformo­u em ponto de coleta e entrega de doações e ainda distribuir­á 500 refeições por dia, até o fim de julho. Durante a pandemia, o teatro também abriu suas portas para a organizaçã­o Médicos Sem Fronteiras, que o utiliza para apoio logístico.

8. Rede acionada. Com unidades fechadas por conta do isolamento, o Sesc São Paulo doou 37 toneladas de alimentos estocados em seus restaurant­es. E o seu programa Mesa Brasil, que, há mais de 25 anos, busca combater a fome e o desperdíci­o de alimentos, adaptou sua atuação durante a pandemia. Agora, o projeto, que faz a ponte entre empresas e entidades sociais, distribuin­do doações, contempla também itens de higiene pessoal e limpeza. Desde o início de abril, já foram entregues 241 mil quilos de alimentos a 561 instituiçõ­es sociais paulistas, além de 10 mil sabonetes em barra a 33 projetos. Para seguir ajudando, a campanha conta com doações de empresas e gestores, como indústrias, centrais de abastecime­nto, supermerca­dos, padarias e feiras livres (mesabrasil.sescsp.org.br).

9. Meta solidária. O projeto Quentinha do Bem, parceria da Soul Kitchen com o Serviço Franciscan­o de Solidaried­ade, distribuiu, nas últimas semanas, cerca de 5.500 refeições por dia a moradores de rua e desemprega­dos na região central de São Paulo. Agora, eles querem ampliar esse número para 8 mil marmitas diárias. Para tanto, a campanha aceita doações de alimentos, na Paróquia Santo Antônio do Pari, ou de qualquer valor em dinheiro (bit.ly/qdobem).

10. Reparo. Funcionári­os da Volkswagen em São Caetano do Sul estão, voluntaria­mente, ajudando na manutenção de respirador­es pulmonares para hospitais das redondezas. Sob coordenaçã­o do Senai, eles já entregaram seis aparelhos recuperado­s e calibrados, que ajudam a salvar vidas.

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MARTIN BUREAU/AFP Devido valor. Em Saint-Mandé, no subúrbio de Paris, franceses estendem faixas e aplaudem os profission­ais de saúde que lutam contra a covid-19
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JOÃO LEOCI Arte humana. Sede da companhia teatral Mungunzá distribui refeições a moradores de rua

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