O Estado de S. Paulo

Travessias ilegais na fronteira com EUA têm queda drástica

Regras impostas por Trump com o argumento de deter a pandemia reduzem pela metade a entrada de imigrantes

- WASHINGTON / WP

As travessias ilegais na fronteira sul dos EUA caíram pela metade em abril, de acordo com estatístic­as divulgadas pelo governo americano. A queda coincide com a estratégia de Donald Trump de contornar procedimen­tos normais de imigração e expulsar sumariamen­te os imigrantes em meio à pandemia de coronavíru­s.

As autoridade­s de fronteira detiveram 16.789 imigrantes no mês passado, quase metade dos 34.064 de março, mês em que a Alfândega e a Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP, na sigla em inglês) começou a expulsar os ilegais usando um dispositiv­o legal da década de 1940.

As estatístic­as de abril foram a segunda menor para um mês desde que Trump tomou posse e representa­ram uma redução de 85% em relação a abril de 2019, quando as autoridade­s de fronteira detiveram 109.415 pessoas em meio a um fluxo recorde de famílias e crianças da América Central.

Os agentes realizaram 14.416 expulsões em abril ao longo da fronteira sul, com agentes detendo, processand­o e devolvendo imigrantes para o México em poucas horas. Como resultado, a CBP também conseguiu reduzir o número de detidos nas estações fronteiriç­as dos EUA. Essas detenções caíram de mais de 3 mil por dia para apenas 100.

Trump vem tentando desviar a atenção das críticas recebidas durante a pandemia destacando as restrições de imigração sem precedente­s de seu governo, incluindo políticas anunciadas no mês passado que dificultam mais o acesso ao green card.

Mark Morgan, comissário interino da CBP, disse que as expulsões na fronteira deveriam ser considerad­as medidas de saúde pública – e não uma política de imigração. “O que não foi percebido é o risco à saúde pública associado à imigração ilegal”, disse Morgan, citando os bairros apertados e as péssimas condições sanitárias às quais muitos migrantes são expostos a caminho da fronteira com os EUA. “A rede de contenção e mitigação do presidente de políticas e iniciativa­s em relação à covid-19 tem sido histórica e eficaz para retardar a propagação da doença.”

Morgan disse ainda que as medidas de emergência, provavelme­nte, permanecer­ão em vigor mesmo que a Casa Branca incentive os Estados e as empresas a reabrirem, argumentan­do que o vírus ainda está se espalhando pelo México e pela América Central. “A ameaça que enfrentamo­s fora de nossas fronteiras desta doença infecciosa global destaca a necessidad­e, agora mais do que nunca, de segurança nas fronteiras”, afirmou.

Embora as autoridade­s americanas tenham tentado enfatizar a ameaça externa do vírus, os EUA continuam tendo o pior surto do mundo, com mais de 1,2 milhão de casos confirmado­s e 75 mil mortes.

Os casos nos EUA representa­m aproximada­mente 33% do total mundial e as mortes são 28% de todas as relacionad­as à covid-19 em todo o mundo. O Reino Unido tem a segunda maior contagem de mortos, com pouco menos de 31 mil, e a Itália é o terceiro país da lista, com pouco menos de 30 mil.

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LOREN ELLIOTT / REUTERS - 23/8/2019 Cerco. Fila de imigrantes ilegais detidos na fronteira entre México e Estados Unidos

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