O Estado de S. Paulo

Fim da 2ª Guerra tem celebração discreta

Pandemia obriga líderes mundiais a realizarem comemoraçõ­es com eventos pequenos e transmissõ­es na internet

- BERLIM

Apesar das restrições provocadas pelo coronavíru­s, Europa e EUA recordaram ontem o fim da 2.ª Guerra. De Washington, passando por Paris e Londres, as comemoraçõ­es foram realizadas de maneira discreta, seguindo as regras de isolamento social. Em Berlim, excepciona­lmente, foi decretado feriado.

Normalment­e, a Alemanha não recorda, ou só celebra de maneira discreta, o dia 8 de maio de 1945, quando o regime nazista se rendeu aos Aliados. Desta vez, a capital declarou o 75.º aniversári­o como dia de descanso. O chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, expressou ceticismo na véspera sobre a ideia de transforma­r a data em feriado nacional permanente.

“Esta não é a questão principal para mim”, declarou ao canal de TV ZDF. “O importante é que a data seja entendida na Alemanha como um dia de libertação, um dia que, de fato, pode ser de celebração, mas não de lamentação”, completou Maas, que foi criticado pelo partido de extrema direita Alternativ­a para Alemanha (AfD). O líder da AfD, Alexander Gauland, considera que o 8 de maio continua sendo a “derrota absoluta” em que a Alemanha “perdeu a autonomia sobre seu futuro”.

Ao lado da chanceler, Angela Merkel, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, participou de uma cerimônia para depositar flores em memória das vítimas da guerra e do Holocausto, que matou 6 milhões de judeus. Steinmeier também fez um discurso, um gesto simbólico que representa um apelo à ordem em um país que registra o aumento do antissemit­ismo e onde a extrema direita se rebela contra a recordação. “Hoje, nós, alemães, podemos afirmar: o dia da libertação é um dia de gratidão.”

Pelo mundo, as restrições decretadas para conter a pandemia reduziram os eventos ao mínimo, com cerimônias transmitid­as ao vivo pela internet.

O presidente dos EUA, Donald Trump, participou de solenidade no memorial da 2.ª Guerra. Seu colega francês, Emmanuel Macron, fez o mesmo diante da estátua do general Charles De Gaulle e do túmulo do soldado desconheci­do. em Paris. Coincidind­o

“Hoje, nós, alemães, podemos afirmar: o dia da libertação é um dia de gratidão.”

Frank-Walter Steinmeier

PRESIDENTE DA ALEMANHA

com o aniversári­o do fim da 2.ª Guerra, morreu ontem aos 101 anos, a heroína da resistênci­a francesa Cécile Rol-Tanguy.

Em Londres, a rainha Elizabeth II fez um pronunciam­ento aos britânicos, exibido pela BBC, no “horário exato em que seu pai, o rei George VI, discursou por rádio, em 1945”, segundo um comunicado do governo. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que era preciso reverencia­r as antigas gerações. “Não podemos realizar os desfiles e celebraçõe­s de rua, mas todos nós que nascemos desde 1945 temos plena consciênci­a de que devemos tudo o que mais valorizamo­s à geração que venceu a 2ª Guerra.”

 ?? MICHAL CIZEK/AFP ?? 75º aniversári­o. Com máscaras, pessoas participam de cerimônia em cemitério em Praga
MICHAL CIZEK/AFP 75º aniversári­o. Com máscaras, pessoas participam de cerimônia em cemitério em Praga

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