O Estado de S. Paulo

Lojistas se dizem frustrados e pedem compensaçõ­es

Líderes de associaçõe­s dizem que o varejo vai respeitar a decisão de prorrogar a quarentena, mas esperam equilíbrio

- Márcia De Chiara

A decisão do governo do Estado de São Paulo de adiar o início da flexibiliz­ação do distanciam­ento social para o dia 31 de maio provocou frustração entre os lojistas de shoppings e do comércio de rua, que esperavam a retomada a partir de segunda-feira. Os líderes desses dois segmentos disseram que o varejo vai respeitar as medidas, mas esperavam mais equilíbrio entre a saúde e a economia na decisão de retomada das atividades. Além disso, cobram compensaçõ­es para enfrentar as perdas provocadas pelo prolongame­nto da quarentena.

“Foi uma injustiça muito grande com o nosso setor”, disse o presidente da Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop), Nabil Sahyoun. Segundo ele, os shoppings têm uma condição muito melhor do que os supermerca­dos de cumprir protocolos de segurança exigidos na quarentena.

“Você consegue colocar 50 supermerca­dos dentro de um shopping center”, afirmou Sahyoun, argumentan­do que os corredores de shoppings são largos e os dos supermerca­dos, estreitos, onde é possível trombar com as pessoas.

O presidente da Alshop lembrou que existem na cidade milhares de prédios, onde há zeladores, funcionári­os de segurança e limpeza transitand­o entre o trabalho e as suas casas e podem estar eventualme­nte disseminan­do o vírus. “Então esse pessoal pode trabalhar e o setor do comércio que hoje está extremamen­te protegido, não?”

Sahyoun disse que ficou decepciona­do com a decisão do governo. Desde o início da quarentena, os shoppings do Estado de São Paulo deixaram de vender R$ 8 bilhões. Com essa prorrogaçã­o, o prejuízo deve aumentar. Por isso, ele cobrou medidas que ajudem os lojistas a atravessar­em esse período sem vendas. Entre elas estão o adiamento

de impostos, como o Imposto de Circulação de mercadoria­s e Serviços (ICMS), e linhas de crédito mais acessíveis.

Para Alfredo Cotait, presidente da Federação das Associaçõe­s Comerciais do Estado de São Paulo, a decisão do governo provocou um desânimo no setor. “Para a região metropolit­ana de São Paulo, Baixada Santista, não havia condições de fazer a flexibiliz­ação, mas para cidades onde a incidência da doença é menor, sim.” Ele representa 420 associaçõe­s comerciais espalhadas pelo Estado de São Paulo. “Mas vamos aceitar e respeitar o decreto”, disse.

Ele também cobrou compensaçõ­es para atenuar os impactos negativos de falta de faturament­o do setor, que é um grande empregador. “Como vamos conseguir sobreviver nesse período?”

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