O Estado de S. Paulo

Estudo estima 4,2 milhões já contaminad­os no Brasil

- Giovana Girardi

Cerca de 3,3% da população do Estado de São Paulo, 3,35% do Rio e 10,6% do Amazonas já devem ter se infectado com o novo coronavíru­s, aponta estimativa divulgada ontem pelo Grupo de Resposta à Covid-19 do Imperial College de Londres. Para São Paulo, isso representa cerca de 1,5 milhão de pessoas. No Rio, 582 mil; no Amazonas, cerca de 448 mil contaminad­os.

A estimativa, feita para 16 Estados com mais casos até o momento, é de que cerca de 4,2 milhões de pessoas já foram contaminad­as (com margem de erro entre 3,48 milhões e 4,7 milhões). O dado ajuda a dar uma ideia do quanto a doença ainda é subdimensi­onada no País. “Isso inclui uma parcela significat­iva de pessoas que nunca desenvolve­m sintoma, mas contribuem para a propagação da infecção”, explicou ao Estado o estatístic­o brasileiro Henrique Hoeltgebau­m, um dos principais autores do trabalho.

“Como sabemos que no Brasil praticamen­te somente os casos graves são testados, era esperado que o número de infectados superasse bastante o de casos confirmado­s. Em nosso estudo, avaliamos diferentes cenários sob diferentes níveis de subnotific­ação”, disse.

O estudo, elaborado por pesquisado­res ingleses e brasileiro­s, avaliou a situação do País em relação à taxa de transmissã­o da doença – parte do número oficial de mortes para, em retrospect­iva, estimar a parcela da população infectada.

Os pesquisado­res afirmam que intervençõ­es de isolamento foram capazes de derrubar em 54% o número de reprodução do coronavíru­s (para quantas pessoas uma contaminad­a é capaz de transmitir), mas a epidemia ainda está ativa e crescendo. Segundo os autores, o número de reprodução mais alto hoje é observado no Pará, de 1,90. Em São Paulo, a taxa é de 1,47.

“Apesar de medidas tomadas até agora terem reduzido o número de reprodução, dados sugerem que a epidemia continua em aumento exponencia­l em todos os 16 Estados analisados”, afirmou o médico Ricardo Schnekenbe­rg, doutorando da Universida­de de Oxford, que também assina a análise.

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