O Estado de S. Paulo

Rio tem casos em alta e bloqueio parcial

Ministro da Saúde se encontra com o governador Witzel e o prefeito Crivella, vai a hospital de campanha e não responde sobre lockdown

- Caio Sartori Marcio Dolzan /

O ministro da Saúde, Nelson Teich, fez ontem sua primeira visita oficial ao Rio desde que assumiu a pasta, no mês passado. A ida ocorreu num momento em que o Estado e o município enfrentam agravament­o nas condições de combate ao novo coronavíru­s. Entre segunda e quintafeir­a, o Rio confirmou 439 mortes por covid-19 e 4.025 novos casos da doença. Para tentar diminuir a velocidade de contágio, um bloqueio parcial está sendo feito em bairros da capital e em Niterói.

Em ofício ao Ministério Público, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), informa que já começou a trabalhar em uma proposta de isolamento mais radical, com medidas como fechamento de estradas intermunic­ipais e maior restrição à circulação de pessoas. A pressão sobre ele vem de diversas frentes. Além do conselho de notáveis que assessora o governo, da Fiocruz e de vários órgãos do Estado, a Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também recomendou bloqueio total.

O recorde de óbitos no Estado aconteceu na quinta-feira, com 189 mortes. Foi a primeira vez desde o início da pandemia que o Rio superou São Paulo em número de registros numa mesma data. O cresciment­o da curva mostra que a inauguraçã­o de 799 novos leitos até o momento não foi suficiente para atender a demanda. O Estado inaugurou 40 dos 400 leitos do hospital de campanha do Maracanã.

Em sua visita ao Rio, Teich se encontrou com Witzel e com o prefeito da capital, Marcelo Crivella (Republican­os). Na unidade do Maracanã, o ministro se reuniu por mais de uma hora com o governador e secretário­s. Não falou com a imprensa. Segundo Witzel, eles conversara­m sobre respirador­es, que têm sido um dos focos das críticas dos Estados à União. “A conversa foi produtiva. O ministério est á se preparando para adquirir mais respirador­es e destinar uma quantidade para o Rio, em torno de 100. Isso ainda não está certo e depende do fornecedor de fora do Brasil”, disse.

Antes da reunião com Witzel, Teich se encontrou com Crivella,

no hospital de campanha do Riocentro, zona oeste, e no gabinete de crise da prefeitura, no mesmo local. Fez um breve pronunciam­ento à imprensa, no qual afirmou que estava no Rio para “unir as forças” municipal, estadual e federal de saúde no Estado. Não respondeu a perguntas da imprensa – como, por exemplo, se achava que o Rio deveria adotar fechamento total. Participar­am do encontro deputados federais e estaduais bolsonaris­tas, o que simboliza a aproximaçã­o entre Crivella e o presidente.

Há pelo menos 442 pacientes confirmado­s ou com suspeita de covid-19 aguardando vaga em UTI no Estado. O sistema público de saúde opera no limite há pelo menos duas semanas.

Ao mesmo tempo em que corre para não ver seu sistema de saúde entrar em colapso, tanto o governo do Estado quanto o da capital tentam apertar o isolamento social, que vem caindo. Esta semana, a movimentaç­ão nos bairros de Campo Grande – que apresentou grande cresciment­o no número de casos e de mortes por covid-19 nos últimos dias – e de Bangu fez a prefeitura bloquear alguns acessos. A medida será ampliada para outros bairros da zona oeste e deverá chegar à zona sul nas próximas semanas.

 ?? WILTON JUNIOR/ESTADÃO ?? Situação crítica. Ministro disse ter viajado ao Rio para unir as forças de saúde no Estado
WILTON JUNIOR/ESTADÃO Situação crítica. Ministro disse ter viajado ao Rio para unir as forças de saúde no Estado

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil