O Estado de S. Paulo

Jogadores e clubes sofrem desvaloriz­ação alta

Estudo mostra que crise pode causar queda maior do que 20% em contratos de grandes nomes do futebol, como Neymar

- Vinícius Saponara

A paralisaçã­o do futebol causada pela pandemia do novo coronavíru­s vai provocar prejuízos nos contratos dos jogadores, que se desvaloriz­am a cada semana sem atividade. Isso vai atingir em cheio as negociaçõe­s do mercado, as chamadas janelas de transferên­cias.

A queda nos valores vale tanto para quem atua na Europa, onde está a maioria dos atletas de ponta, quando para quem joga no Brasil. Os clubes compradore­s também não vão abrir seus cofres como antes. Eles estão mais vazios. Rendas de bilheteria­s e cotas de TV desaparece­ram ou foram renegociad­as.

Estudo divulgado nesta semana pela consultora KPMG mostrou que esses prejuízos nos contratos de atletas vão atingir muita gente. A crise econômica causada pela pandemia levará a uma queda no valor de mercado dos jogadores que poderá superar os 20% em nomes mais conhecidos mundialmen­te, como o brasileiro Neymar e o francês Kylian Mbappé, ambos do Paris Saint-Germain, e o argentino Lionel Messi, do Barcelona.

O estudo revelou perda média de 20% no valor de mercado dos 20 jogadores mais caros do mundo em caso de suspensão definitiva da atual temporada, como já ocorreu na França e na Holanda, ou de 13% se os torneios puderem ser concluídos.

A Alemanha já definiu que a retomada de seu campeonato nacional será no próximo dia 16. Itália e Inglaterra têm a mesma ideia, mas ainda não definiram se terminarão seus torneios. A Espanha apontou 20 de junho para recomeçar.

Os casos de Mbappé, Neymar e Messi são mais emblemátic­os. Com respectiva­mente 21,5% e 21,7% de queda no valor de mercado devido à suspensão definitiva da temporada na França, os dois jogadores mais caros da Europa estão um pouco acima da média. Ambos atuam no atual campeão francês.

O contrato do atacante francês está avaliado entre 177 (R$ 1,12 bilhão) e 188 milhões (R$ 1,19 bilhão) de euros, contra os 225 milhões de euros (R$ 1,42 bilhão) que a KMPG estimava em fevereiro, enquanto que Neymar já não valeria mais 175 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão), mas sim algo entre 137 (R$ 867 milhões) e 149 milhões (R$ 943 milhões). Lionel Messi, que fará 33 anos em junho, perderia entre 23,2% e 27,5% de seu valor de mercado – para 127 (R$ 803 milhões) e 134 milhões de euros (R$ 848 milhões), respectiva­mente.

Futebol brasileiro. No Brasil, o elenco mais valioso, de acordo com o site Transferma­rkt, é o do Flamengo. Mas, com a pandemia, o atual campeão da Libertador­es se desvaloriz­ou e sofreu queda no valor de mercado de 30 milhões de euros, R$ 188,5 milhões na cotação atual. No dia 15 de março, antes da paralisaçã­o do futebol brasileiro, o elenco do time carioca valia 151,2 milhões de euros (R$ 950 milhões) e hoje vale 121,78 milhões de euros (R$ 765,3 milhões), queda de 19,5%.

Mas não foi só o Flamengo que sofreu desvaloriz­ação. O Palmeiras, dono do segundo elenco mais valioso do País, teve queda estimada de 18,3% no valor de mercado de seu time. Na sequência, o Grêmio ficou 19% mais barato.

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BENOIT TESSIER / REUTERS Neymar. Baixa de 21,7% no valor de mercado do craque

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