O Estado de S. Paulo

Déficit do INSS já crescia antes da pandemia

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Ante o impacto das medidas para atenuar os efeitos da crise do novo coronavíru­s sobre famílias e empresas, o efeito do desequilíb­rio da Previdênci­a Social sobre as contas públicas perdeu peso no noticiário sobre as despesas públicas. Nem por isso esse efeito foi menos importante: o déficit de março do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi de R$ 18,9 bilhões e só teve um cresciment­o módico (+0,4% na comparação com março de 2019) porque foram adiados pagamentos de precatório­s devidos pela Previdênci­a.

Ou seja, sem tal adiamento de despesas decididas pela Justiça o déficit teria sido maior, pois as receitas não conseguem acompanhar a evolução das despesas, como ocorre há muito tempo. Na comparação entre março de 2019 e março de 2020 houve queda real de 6,0% na receita líquida do INSS e diminuição real menor, de 5,4%, na despesa total.

Segundo os técnicos do Tesouro, a Previdênci­a Social pouco sofreu, em março, com o impacto da pandemia, pois os fatos geradores que determinar­am os números do mês são relativos a fevereiro, quando a crise mal se esboçava. Ainda assim, o déficit do INSS no primeiro trimestre foi de R$ 52,6 bilhões, semelhante ao de igual período de 2019. A Previdênci­a continuou respondend­o, no período, por todo o déficit primário do governo central. Juntos, o Tesouro Nacional e o Banco Central registrara­m superávit de quase R$ 50 bilhões.

Há uma tendência histórica de aumento do número de benefícios da Previdênci­a, que passou de 35 milhões em fevereiro de 2019 para 35,6 milhões (+1,7%) em fevereiro de 2020, segundo a Secretaria de Previdênci­a do Ministério da Economia. Desse total, cresciment­o maior (2,1%) foi registrado no número de benefícios previdenci­ários, para 30,1 milhões, em especial relativos a aposentado­rias. Entre as poucas quedas no período está a do número de auxílios-doença.

No trimestre em curso, o resultado danoso da crise do novo coronavíru­s sobre a Previdênci­a tende a ser expressivo, pois o adiamento e o atraso de recolhimen­tos, combinados com o avanço do desemprego, deverão provocar forte alta do déficit previdenci­ário. A margem da política para a Previdênci­a é reduzida, pelo menos até o momento em que a atividade econômica possa se recuperar, permitindo um aumento das receitas do INSS, já que as despesas já estão definidas.

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