O Estado de S. Paulo

Empresa com débito com a União também terá ajuda

- Aline Bronzati

A linha de R$ 40 bilhões para financiar folhas de pagamentos não aconteceu: só 1% desse total foi emprestado. Para mudar essa situação, estão sendo adotados dois movimentos simultâneo­s. O primeiro é a proposta de emenda à Constituiç­ão (PEC) do Orçamento de Guerra, aprovada ontem no Congresso, que retira o impediment­o para empresas devedoras da União acessarem os recursos. Outro é que o Banco Central deve anunciar a extensão da modalidade para empresas com faturament­o anual até R$ 50 milhões.

As duas iniciativa­s contribuem para ampliar a base de empresas que podem ter acesso aos recursos. Na atual, voltada àquelas que faturam entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões por ano, a demanda está aquém do esperado. Desde a entrada em vigor da linha, no dia 8, o programa foi acessado por 19,3 mil empresas que tomaram juntas R$ 413,450 milhões – 1% do total – para fazer frente aos salários de 309 mil funcionári­os, conforme balanço do Banco Central, divulgado ontem.

Quando anunciou a linha, batizada de Pese, o BC informou que o programa com um orçamento previsto de R$ 40 bilhões deveria beneficiar 1,4 milhão de empresas e um total de 12,2 milhões de trabalhado­res.

Nem mesmo os juros menores da modalidade tem aumentado o interesse pela linha. O programa prevê o pagamento de dois salários mínimos por funcionári­o (até R$ 2.090) – ficando o restante a cargo da empresa com taxa fixa de 3,75% ao ano. O prazo de pagamento é de 36 meses, sendo seis de carência.

Alguns entraves limitam as empresas elegíveis a acessar a linha: baixo apetite por crédito, informalid­ade e ainda aquelas que têm dívida pendente com a União. Um deles caiu por terra ontem com a aprovação da PEC que cria o chamado “orçamento de guerra”. Nela, está a suspensão

Quando anunciou a linha, o BC informou que o programa com um orçamento previsto de R$ 40 bilhões deveria beneficiar 1,4 milhão de empresas

para a proibição de empresas em "dívida com a seguridade social de receber incentivos creditício­s durante a situação de calamidade publicada causada pela pandemia do novo coronavíru­s".

Na prática, significa que as empresas poderão tomar empréstimo­s com recursos públicos, mesmo sem apresentar uma Certidão Negativa de Débito (CND), que comprova sua regularida­de fiscal. Isso porque 85% dos recursos para financiar a linha que vêm do Tesouro Nacional enquanto outros 15% dos bancos repassador­es.

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