ADEUS CENTENÁRIA, HOLDEN TEM FIM DECRETADO
Australiana surgiu como fabricante de celas, passou a produzir carrocerias em 1917 e fazia o Chevrolet Omega vendido no Brasil
Pouco conhecida no Brasil, a australiana Holden é uma das marcas de veículos mais antigas do mundo. E, após mais de 100 anos de atuação no segmento automotivo, sairá de cena até 2021 como parte do plano de reestruturação implementado pela GM, sua controladora.
A Holden surgiu em 1856 como uma fabricante de selas para cavalos. O ingresso no setor de carros ocorreu em 1908.
Inicialmente a companhia fazia reparos nos poucos carros que circulavam na Austrália. A produção de veículos inteiros teve início em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1923, a Holden passou a ser fornecedora da filial australiana da Ford. A empresa montava as carrocerias do Modelo T vendidos naquele país.
Três anos depois, a Holden se tornou fornecedora exclusiva da General Motors, que acabara de chegar à Austrália. Em 1931, o grupo norte-americano comprou a empresa australiana.
Isso deu impulso ao desenvolvimento do primeiro carro desenhado no país. Batizado simplesmente de Holden, o modelo chegou às lojas em 1948.
Nas décadas seguintes, o lançamento de carros focados no mercado local garantiu a primazia de vendas da marca no país. Os modelos da marca tinham visual mais simples que os dos clássicos da GM nos Estados Unidos, além de motores de
grande capacidade, como os V8 de 5 ou mais litros. A marca tinha forte conexão com a Vauxhall, braço da GM na Inglaterra.
A Holden também ofereceu, com seu emblema, veículos de outras fabricantes. Como modelos das japonesa Isuzu, Nissan e Suzuki, além da alemã Opel, que ganharam mudanças no visual para ficarem mais ao gosto do consumidor local.
Um dos destaques da empresa eram as Utes, como são conhecidas as picapes derivadas de sedãs, um tipo de carro tipicamente australiano. Havia inclusive versões esportivas, com motores V8 e tração traseira.
A empresa sempre teve autonomia em relação à sua controladora. Os seis-cilindros em linha utilizados em seus carros até meados dos anos 1980, por exemplo, eram projetos próprios, embora a GM oferecesse esse tipo de motor nos EUA.
E, quando a legislação antipoluição determinou o fim desses propulsores, a Holden optou por comprar os “seis em linha” da Nissan. Por isso há versões do sedã Commodore, um dos carros mais conhecidos da marca, com o mesmo conjunto mecânico do japonês Skyline.
Brasil. A empresa vendeu seus veículos em vários países, incluindo o Brasil. O sedã Holden Commodore oferecido aos brasileiros foi rebatizado de Chevrolet Omega. O modelo chegou em 1998 com a difícil missão de substituir o Omega, produzido pela GM em São Caetano do Sul (SP) desde 1992.
O Omega australiano, como o carro ficou conhecido no mercado brasileiro, nunca teve o mesmo carisma da primeira geração, que era baseada no sedã da Opel. E nem de longe conseguiu fazer o mesmo sucesso.
Embora a base fosse parecida com a do alemão, o carro da Holden era mais largo e comprido. Na Austrália, havia opção de motor V8, que nunca foi oferecida nem na Europa nem no Brasil.
Por causa da origem australiana, país que adota a chamada “mão inglesa”, o Omega vendido aqui tinha particularidades como alavanca do freio de estacionamento localizada do lado do passageiro. O console também era levemente direcionado para a direita e o botão do rádio mais próximo do motorista era o de mudança de estação, e não o de ajuste do volume.
Perto do fim. Em 2017, o Commodore saiu de linha encerrando uma longa linhagem de carros originários da Austrália. Em janeiro deste ano, a Holden teve seu fim anunciado pela GM.