O Estado de S. Paulo

Mão de obra chega para ‘virada’ online do varejo

Entre as empresas que estão roubando profission­ais de startups estão o Grupo Boticário e as donas da Riachuelo e da Casas Bahia

- Fernando Scheller Mônica Scaramuzzo

Enquanto a maior parte das lojas está fechada por causa do combate à epidemia do coronavíru­s, os departamen­tos de recursos humanos seguem na ativa nos bastidores para contratar centenas de profission­ais de tecnologia para colocar em pé projetos digitais de gigantes do comércio tradiciona­l. E estão conseguind­o atrair profission­ais que até pouco tempo atrás atuavam em startups.

A Guararapes, dona da Riachuelo, montou em 15 dias um novo aplicativo de venda online. A solução permite a venda por celular, WhatsApp e por meio de uma rede de clientes criada por funcionári­os. Segundo o diretor executivo de tecnologia e inovação da empresa, Carlos Eduardo Alves, isso só foi possível porque, mesmo nesse período de isolamento social, a companhia continua com o pé no acelerador quando o assunto é RH.

No ano passado, a Guararapes adicionou 438 trabalhado­res para à equipe. E, ao longo de 2020, planeja mais 140 contrataçõ­es. “As pessoas estão em busca da segurança de empresas mais estabeleci­das. Só não está mais fácil ainda de contratar porque várias grandes companhias estão indo a mercado para tirar projetos online do papel”, diz o executivo. Ou seja: a Guararapes agora disputa essa mão de obra com seus pares.

A gigante de eletroelet­rônico, por exemplo, Via Varejo contratou 200 profission­ais em plena quarentena. A companhia acelerou o processo de transforma­ção digital iniciado no fim do ano passado. “Com a pandemia, decidimos acelerar os planos”, diz Rosi Purceti Balabram, diretora de pessoas e performanc­e. A gigante tem ido atrás de profission­ais que trabalhava­m em startups.

A dona da Casas Bahia e Ponto Frio trabalha atualmente em nada menos de 400 estratégia­s para se tornar mais digital. “Estamos na contramão da crise. Queremos sair dela mais fortalecid­os. Por isso, aceleramos nossos planos”, diz Rosi. A Via Varejo tenta recuperar o terreno perdido para o Magazine Luiza, sua concorrent­e direta e referência em atuação digital no varejo brasileiro.

O Grupo Boticário tem mais de 3 mil lojas, mas também está focado no desenvolvi­mento de soluções online. A expansão da área de inovação consumirá R$ 300 milhões e resultará em 200 contrataçõ­es. Entre os projetos atuais está a construção de um novo app para as revendedor­as porta a porta. Hoje, 37% das receitas da companhia já têm origem do segmento digital.

Captação de talentos. Durante a pandemia, as varejistas têm feito ofensivas para captar pessoas que trabalhava­m em negócios digitais. Foi o que ocorreu com Tatiane Fukuda, de 39 anos. Ela trocou a startup especializ­ada em logística Loggi pela Via Varejo em plena quarentena.

Com experiênci­a em desenvolvi­mento de softwares, Tatiane recebeu uma proposta para ser chefe da área de qualidade de software das lojas físicas e do e-commerce da Via Varejo.

A executiva começou a trabalhar na semana passada. “Foi muito rápido. “Não vejo a Via Varejo como uma empresa tradiciona­l. Ela busca acelerar sua transforma­ção para avançar sobre o concorrent­e”, ressalta.

A Via Varejo, aliás, virou negócio de família para Tatiane. Seu marido deixou uma startup de educação pela varejista. Em tempos de coronavíru­s, os dois trabalham juntos – e de casa.

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Troca na quarentena. Tatiane Fukuda deixou a startup Loggi para trabalhar na Via Varejo

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