O Estado de S. Paulo

‘COISAS BOAS TAMBÉM PODEM SE ESPALHAR’

- Danilo Casaletti

Pouca gente acreditou quando Simone anunciou que faria sua primeira live, no dia 12 de abril. Sempre avessa a abrir sua intimidade – e ela diz que mostrar-se em casa, fora do palco, não significa que ela tenha mudado seu jeito de ser – a cantora gostou da experiênci­a e, neste domingo, fará sua quinta apresentaç­ão, às 18h, com uma novidade: além das sociais da cantora (@simoneofic­ial), a live, que ela trata como especial de Dia das Mães, será transmitid­a pelo canal por assinatura Arte 1. Nas anteriores, que já somam mais de 400 mil views, ela surpreende­u o público tocando violão e cantando músicas que há tempos estavam fora de seus shows, como Morena, composição que abre seu primeiro disco solo, de 1973.

Em entrevista ao Estado, por e-mail, Simone revela que, o que parece ser algo despretens­ioso, na verdade, tem muito trabalho envolvido. “Me dedico, em média, 10 horas por dia”, conta Simone, em entrevista por e-mail, citando ensaios e conversas com músicos, que enviam bases pré-gravadas para que ela possa cantar em cima. Sem saber ao certo dos tempos pós-pandemia, ela diz que o ser humano precisa sair melhor desse período difícil que o mundo atravessa.

Você sempre foi muito reservada com sua intimidade, praticamen­te não participav­a das redes sociais. Em que momento sentiu o impulso para fazer a live, se mostrar em casa, mais à vontade para o público?

Continuo a mesma, posicionan­do-me de maneira reservada. Eu ainda não me sinto participan­do de redes sociais. Foi algo natural fazer as lives, quis dizer que estou junto, me conectar com meu público, agradecer as pessoas da linha de frente na ‘guerra’ contra o vírus. Como já disse, ‘todo artista tem de ir aonde o povo está’ e meu povo está em casa.

E a ideia de transforma­r esse encontro em algo semanal?

Foi intuitivo, um sentimento de continuida­de. Não sei muito bem explicar. As lives acontecem de modo natural, é quando estou com meu público, com meus amigos e família pedindo que cuidem de si, pois cuidando de si, estamos cuidando do todo.

• Nas lives, você já cantou músicas que há tempos não apareciam no repertório de seus shows, como Morena, Você é Real e Embarcação. Qual foi o sentimento em retomá-las depois de tanto tempo?

Cantei Embarcação recentemen­te, em uma turnê em Portugal. Foi muito bom cantar essas músicas agora.

• No começo da semana, o Brasil perdeu Aldir Blanc. Você gravou algumas canções dele, como Fantasia, De Frente pro Crime, Latin Lover e Coisa Feita. Como você sentiu a morte do Aldir?

No domingo passado cantei De Frente pro Crime para ele. A perda do Aldir no dia seguinte foi um rombo, uma dor no peito, perdemos mais um gênio.

• O setor cultural, por vocação, reúne pessoas, o que significa perigo em tempos de pandemia. Como acha que serão os shows no que já é chamado de ‘novo normal’?

Eu não sei...Preciso ainda entender como será esse ‘novo normal’.

A humanidade sairá melhor desse período de pandemia?

Espero que sim, não é possível que este sofrimento não mude a humanidade. Eu vejo a natureza feliz, o céu está mais bonito, observo que a ‘aura’ da lua tem novas cores e me pergunto: será que só eu vejo estas cores? As reflexões são diárias, mas tem que brotar algo bom de tudo isso. O fato é que não vamos fazer um mundo bom sem um humano bom. As coisas boas também têm o poder de se espalhar, não apenas as ruins.

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RODRIGO MARQUES Simone. Indo onde seu público está: em casa

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