O Estado de S. Paulo

Nas redes, avaliação é de que divulgação favorece Bolsonaro

Segundo monitorame­nto, até opositores do governo concordam, mas dizem que vídeo mostra ‘inaptidão’ de Bolsonaro

- Tiago Aguiar

Relatório da DL Rosenfield indica que o vídeo da reunião ministeria­l de 22 de abril foi interpreta­do nas redes sociais como uma “grande vitória” para bolsonaris­tas. Com dados coletados entre sexta-feira, dia da divulgação da gravação, e anteontem, foi notado “entusiasmo” e grande engajament­o entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o levantamen­to, entre os opositores também predomina a avaliação de que o vídeo favorece Bolsonaro. Para eles, no entanto, a gravação divulgada comprova as denúncias e mostra, com os palavrões e arroubos, a “inaptidão” do presidente em comandar o País.

O documento ainda menciona “idolatria em níveis preocupant­es” entre apoiadores e que essa parcela adota uma “postura defensiva intransige­nte” de militância. “As redes sociais dos bolsonaris­tas aderem aos valores e à linguagem do presidente, portanto armamentis­mo e palavrões estão presentes. E a quase ausência do tema da pandemia na reunião não é criticado entre os apoiadores”, disse o professor Denis Lerrer Rosenfield, da consultori­a DL.

Análise da consultori­a Bites complement­a o relatório da DL Rosenfield. Segundo a consultori­a,

o tom das redes foi “extremamen­te positivo” para o presidente. André Eler, gerente da Bites, avaliou que “a militância bolsonaris­ta nunca esteve com um discurso tão alinhado e tão

pronto desde o início da crise da pandemia” do coronavíru­s.

Só em duas outras ocasiões nesse período, segundo Eler, Bolsonaro gerou tanto interesse nas redes sociais quanto sexta-feira:

em 25 de março, na repercussã­o de um pronunciam­ento em rede nacional na noite anterior, e em 24 de abril, o dia da saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça.

Entre os deputados federais, a dinâmica da polarizaçã­o se manteve. Segundo a Bites, nas quatro horas após a divulgação do vídeo, parlamenta­res publicaram 752 posts em seus perfis oficiais nas redes sociais. Três partidos de oposição (PT, PSOL e PCdoB) foram responsáve­is por 54% dos posts nesse período, enquanto o PSL ficou com 17% do volume.

Fabio Malini, do Laboratóri­o de Imagem e Cibercultu­ra da Universida­de Federal do Espírito Santo, identifico­u 104 mil perfis com posicionam­ento de defesa de Bolsonaro no Twitter. Segundo ele, do total de participan­tes da discussão sobre a reunião, 14,4% eram favoráveis ao presidente. Malini observou que, pelas interações no Twitter, já há unificação de uma frente anti-Bolsonaro. Perfis identifica­dos como “lavajatist­as” e de esquerda interagem entre si para criticar o governo.

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