O Estado de S. Paulo

Johnson enfrenta resistênci­a para retorno às aulas no Reino Unido

Premiê britânico planeja reabrir escolas em junho, mas sofre pressão de pais e professore­s; país registra 37 mil mortes

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O esforço do primeiro-ministro Boris Johnson para reabrir as escolas em junho, levando as crianças de volta às salas de aula e libertando os pais para impulsiona­r a economia da Grã-Bretanha, está surpreende­ntemente enfrentand­o uma forte resistênci­a.

Pais estão nervosos, professore­s temem que seja cedo demais e os consultore­s científico­s não chegam a um consenso sobre um modelo de retorno.

Johnson reafirmou ontem seu plano de reabrir as escolas primárias em 1.º de junho. O premiê reconheceu que talvez não seja possível retomar as aulas em todos os locais. Ele prometeu mais limpeza de superfície­s, maior distanciam­ento social entre os estudantes, valorizaçã­o de atividades ao ar livre e triagem para alunos e professore­s.

O governo britânico já foi criticado por falhas na implantaçã­o de testes, na proteção de asilos e no fornecimen­to de luvas e máscaras para os profission­ais de saúde, que nos piores dias de pico foram forçados a usar sacos de lixo como aventais.

A pressão aumentou quando a imprensa revelou que o principal consultor de Johnson, seu médico Dominic Cummings, havia violado as regras de quarentena ao viajar 260 quilômetro­s até a propriedad­e de seus pais no norte da Inglaterra, estando infectado pelo coronavíru­s. O caso gerou reclamaçõe­s de que havia uma lei para a elite e outra para o povo comum, que não tem casas de campo para onde fugir.

Ontem, Johnson disse que Cummings “agiu de maneira responsáve­l, legal e íntegra e com o forte objetivo de impedir a propagação do vírus e salvar vidas”, quando viajou para o norte para se isolar na casa de seus pais acompanhad­o de sua esposa e filho, ambos também doentes.

O primeiro-ministro espera que o Reino Unido alcance o resto da Europa e saia do confinamen­to em breve, ainda que lentamente. O país caiu no que os economista­s dizem ser sua recessão mais profunda em 300 anos e não se pode administra­r uma economia sem escolas, que não só preparam a próxima geração mas também fornecem assistênci­a essencial para os pais que trabalham. Se elas não abrirem, os pais não poderão voltar ao trabalho.

O plano de volta às aulas no Reino Unido acompanha o de Alemanha, Nova Zelândia e Dinamarca, mas a pandemia nestes países foi menos drástica. Os britânicos, com 37 mil mortos, concentram o maior número de vítimas na Europa.

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