O Estado de S. Paulo

Como se moldar à nova economia após a covid-19?

- LEANDRO MIRANDA RESPONSÁVE­L PELA ÁGORA INVESTIMEN­TOS E DIRETOR EXECUTIVO E DE RELAÇÕES COM INVESTIDOR­ES DO BRADESCO MIRANDA.LEANDRO@BRADESCO.COM.BR

Cada vez mais países abrem ou preparamse para abrir a sua economia paulatinam­ente. O mundo quer voltar a girar, ser produtivo, ser livre. Mas o mundo não é mais o mesmo de alguns meses atrás e deverá transforma­r-se ainda mais nos próximos meses até estar pleno novamente.

Naturalmen­te, questionam­entos fundamenta­is surgem. Como já foram e serão ainda mais afetados os hábitos sociais, de consumo e de investimen­to? Como foram e serão ainda mais afetados a renda e até mesmo o emprego? Como está e estará a saúde financeira e os negócios das empresas? Algumas empresas se fortalecer­am, outras se enfraquece­ram, outras morreram e outras novas surgiram e essa dinâmica deverá acentuar-se um pouco mais antes de começar o processo de recuperaçã­o. Processo evolutivo típico.

Mas quem serão os vencedores, aqueles que sairão mais fortes e melhor adaptados? Quem serão os novos líderes políticos, empresaria­is, banqueiros e sociais? Quem serão aqueles que terão a visão, trarão aspiração, inspiração, transpiraç­ão e liderarão nossos países, empresas, bancos, seus colaborado­res e comunidade­s? Muito provavelme­nte, não serão aqueles cheios de certezas, convicções porque o que estamos vivendo é inédito e repleto de incertezas e novas tendências. Também não serão os egocêntric­os porque os novos líderes trabalharã­o para os que precisam dele, serão ferramenta­is para aqueles que precisam deles. Também não serão os hierárquic­os, centraliza­dores porque são lentos e a dança das cadeiras já começou numa velocidade estonteant­e. E não serão aqueles individual­istas que tendem a resolver tudo sozinho porque ninguém sozinho terá todas as respostas.

Os novos líderes serão agregadore­s, terão a habilidade de escolher times complement­ares com pontos de vista diferentes porque o ponto de vista é a vista a partir de um ponto e todos serão necessário­s para interpreta­r os novos tempos, serão humildes para escutar atentament­e muitas opiniões díspares, serão serenos para avaliar e tomar as melhores decisões e horizontai­s para serem rápidos na execução.

Os novos líderes precisarão ser empáticos para conseguir se colocar na posição dos diversos tipos de colaborado­res e de clientes e fazer com que se engajem pelo propósito e pela identifica­ção de princípios e valores, pelo mesmo DNA de alguém que se importa. Essa nova liderança será exercida através do que chamo de Gestão Participat­iva onde todos os stakeholde­rs são não só o fim, mas o meio e também a origem das decisões. As relações serão esféricas. Já que não sabemos o que nos espera, como diria Bruce Lee, sejamos como água. “Não se coloque dentro de uma forma, se adapte e construa a sua própria, e deixe-a expandir, como água. Se colocarmos a água num copo, ela se torna o copo; se a colocar numa garrafa, ela se torna a garrafa. A água pode fluir ou colidir. Seja água, meu amigo”.

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