O Estado de S. Paulo

COMO DEIXAR SUA VARANDA COM ARES DE JARDIM

Preste atenção nas áreas de incidência de sol para escolher as espécies mais promissior­as

- Marcelo Lima

Jardineiro amador, o arquiteto Alexandre Zanini assistiu com surpresa o renascer de sua orquídea, que ele ganhou de presente, e que circulou por sua sala por algumas semanas, até perder completame­nte as flores e ser transferid­a para a varanda do apartament­o, no nono andar de um edifício na Vila Madalena, em São Paulo. “Eu não esperava, mas em poucos meses ela recuperou todas as sua flores. Está igual, ou melhor, do que quando chegou”, comenta.

Habitantes de grandes centros urbanos, como Zanini, frequentem­ente se ressentem de um contato mais próximo com plantas, árvores e flores. Para muitos deles, varandas e sacadas com vasos dispostos em móveis, paredes e até gradis acabam se tornando pequenos oásis, nos quais a prática da jardinagem acontece de forma espontânea, mas, ainda assim, bastante satisfatór­ia. Tudo a depender da maior ou menor adequação entre as plantas escolhidas e as condições locais de cultivo, (mais informaçõe­s ao lado).

“Não é por acaso que as xerófitas (plantas adaptadas à vida em climas desérticos e semidesért­icos, em geral em regiões de grande altitude, sujeitas a intensa insolação)

estão sendo tão procuradas”, afirma o paisagista Luciano Zanardo. “Elas se adaptam bem ao cultivo em pequenos vasos e se desenvolve­m bem no alto de prédios de cidades com clima que tende ao seco, como o nosso. Além de que, por necessitar­em pouca manutenção hídrica, representa­m uma boa opção para quem às vezes se esquece de regar”, diz.

Isso não significa, no entanto, que xerófitas populares, como cactos, agave, babosa ou a popular espada de São Jorge sejam as únicas espécies indicadas para compor a sua área verde – mas apenas que são mais resistente­s. Flores, plantas ornamentai­s e até árvores frutíferas podem embelezar varandas e terraços de qualquer tamanho, desde que observadas as caracterís­ticas físicas de cada local, principalm­ente a insolação e as condições de exposição aos ventos e à chuva.

Plantas mais sensíveis ao sol, como as folhagens, por exemplo, costumam se desenvolve­r melhor em varandas voltadas para a face leste, pois é onde o sol nasce e a temperatur­a é mais amena. Já a face oeste, onde ele se põe, é um local naturalmen­te mais quente, sendo que o calor que se acumula nos vasos durante o dia faz com que a água evapore mais rápido. Por isso, é o lugar ideal para cultivar plantas que possuam folhas e raízes mais robustas, como arbustos, azaleias e cactos, entre outros. Outras espécies também podem se desenvolve­r nestas condições, mas elas deverão ser regadas com mais frequência.

A face norte é a que mais recebe sol no inverno, sendo ideal para variedades que necessitam de mais calor, como plantas que florescem o ano todo. Outras, típicas de inverno, como begônias e hortênsias, também florescem melhor se expostas para a face norte. Mais fria e sombreada, a face sul é a mais indicada para o plantio de árvores e arbustos mais enraizados. Ainda assim, é importante observar as condições de cada local: nas grandes cidades, o sombreamen­to produzido por edifícios, toldos, ou outras construçõe­s adjacentes podem interferir na incidência dos raios solares.

Se observadas essas condições, e desde que regadas de forma adequada, a maioria das plantas tem plenas condições de se desenvolve­r nas varandas e terraços, independen­temente da área do espaço. Mas, para garantir maior perenidade, é fundamenta­l atentar para dois outros fatores: a incidência de ventos e de chuvas.

Em locais onde venta muito, espécies mais rústicas, plantadas em vasos maiores e mais pesados, são as mais indicadas. Se a área for aberta e localizada em um andar muito alto, é melhor evitar plantas altas e com troncos finos, uma vez que um vento mais forte pode quebrar facilmente seus galhos.

Por fim, embora espécies como o buxinho, que necessitam de água de forma abundante, se adaptem bem a períodos de chuvas prolongada­s, não descuide nunca da drenagem de seus vasos. Caso a quantidade seja excessiva, o vaso pode ficar úmido demais e acabar apodrecend­o sua planta. Sobretudo no caso dos cactos e das suculentas, que exigem regas mais contidas e espaçadas.

 ?? ALEXANDRE ZANINI ?? Condições locais. Exposição a ventos, chuvas e luz natural também devem ser considerad­os para definir as plantas
ALEXANDRE ZANINI Condições locais. Exposição a ventos, chuvas e luz natural também devem ser considerad­os para definir as plantas
 ?? CACÁ BRATKE ?? Folhagens. Indicadas em áreas sem incidência de ventos
CACÁ BRATKE Folhagens. Indicadas em áreas sem incidência de ventos

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