O Estado de S. Paulo

Estado de SP terá regras diferentes de quarentena

Nova etapa. Reabertura gradual da economia deve começar pelo oeste do Estado, segundo Henrique Meirelles; secretário da Fazenda diz que flexibiliz­ação maior do isolamento na Grande São Paulo ainda não é prevista e planeja protocolos de retomada para cada

- Bruno Ribeiro André Ítalo Rocha Eduardo Laguna ESPECIAL PARA O ESTADO

O Estado de São Paulo estenderá a quarentena após o dia 31, mas, segundo o governador João Doria, terá regras diferentes para capital e região metropolit­ana, litoral e interior. A reabertura gradual deve começar pelo oeste paulista e incluirá protocolo para cada setor econômico. Chamado de “quarentena inteligent­e”, o novo modelo deve ser anunciado amanhã.

O Estado de São Paulo vai estender a quarentena depois do dia 31, mas agora em um modelo com regras diferentes para capital e região metropolit­ana, litoral e interior, segundo o governador João Doria (PSDB). A reabertura gradual deve começar pelo oeste paulista, disse ontem Henrique Meirelles, secretário estadual da Fazenda e do Planejamen­to. Segundo ele, a retomada não deve ser anunciada na Grande São Paulo por enquanto, e haverá protocolos de reabertura para cada setor econômico.

O novo modelo, chamado pelo governo de “quarentena inteligent­e”, deve ser anunciado a amanhã. “Ela (a nova quarentena) vai levar em conta toda a regionaliz­ação do Estado de São Paulo, o interior, a capital, a região metropolit­ana, o litoral de São Paulo. A decisão não será homogênea”, afirmou o governador à Globonews. “(A quarentena até agora) foi homogênea porque precisava ser”, disse. “Áreas e regiões onde poderemos ter um olhar que defina pela quarentena inteligent­e, a flexibiliz­ação cuidadosa e em etapas, isso será levado em consideraç­ão”, afirmou. “Onde isso não for possível, porque os índices e os riscos indicam que não deve, não haverá.”

Em vídeo transmitid­o nas redes sociais pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil, Meirelles disse que, na região oeste do Estado, a reabertura deve ser “em cidades com menor densidade e maior capacidade de atendiment­o hospitalar”. Já na região metropolit­ana, “o mais provável é uma restrição um pouco maior”.

O Estado, líder em casos da covid-19 no País, tinha até ontem 6.220 mortes pela doença. No domingo, a taxa de isolamento social foi de 55% no Estado e 57% na capital. Nas últimas semanas, o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), apostou em um rodízio ampliado de veículos, depois suspenso, e na antecipaçã­o de feriados como forma de aumentar a quantidade de pessoas em casa – a meta era atingir ao menos 55% –, como forma de evitar mais restrições.

A taxa de ocupação das UTIs na Grande São Paulo, que no domingo havia ultrapassa­do 90%, caiu para 88%, por causa da abertura de mais leitos dotados de equipament­os de tratamento intensivo nas cidades da região. No Estado como um todo, a ocupação das UTIs é de 73,8%.

Plano. O governo tem um grupo de trabalho para buscar formas que permitam reabrir algumas atividades econômicas em parte do Estado. Esse comitê, segundo Doria, é submetido ao Centro de Contingênc­ia do Coronavíru­s. O órgão, que reúne 15 profission­ais de saúde, a maior parte infectolog­istas, já determinou o adiamento de propostas de abertura comercial no Estado pelo risco de colapso no sistema de saúde.

O grupo econômico, liderado pela economista Ana Carla Abrão, já apresentou ao governo um plano que vê oito atividades econômicas como prioritári­os, em especial por serem as áreas mais atingidas. Entre elas, estão prestadore­s de serviço, corretores de imóveis e vendedores ambulantes. O grupo também tem mapeado as regiões do Estado que podem passar por algum tipo de flexibiliz­ação, e elaborou em conjunto com a equipe de saúde protocolos que deverão ser adotados para uma retomada segura.

O grupo econômico é uma das respostas que a gestão Doria deu às pressões, especialme­nte de prefeitos do interior.

Eles cobram a abertura, uma vez que suas cidades não vinham registrand­o, ao menos há até duas semanas, número de casos que pudesse sobrecarre­gar os sistemas de saúde. Outra resposta do governo foi criar um Comitê Municipali­sta, capitanead­o pelo secretário de Desenvolvi­mento Regional, Marco Vinholi, cuja missão tem sido convencer as lideranças municipais sobre a necessidad­e de se isolar agora para reduzir o tempo de quarentena depois.

Por outro lado, a atenção do Centro de Contingênc­ia tem se voltado ao interior desde a semana passada, graças a uma aceleração da difusão da doença em ritmo maior do que o da capital. Na quarta passada, o próprio Vinholi fez apresentaç­ão pública de casos, com dado da 1ª quinzena de abril, comparando as diversas regiões administra­tivas do Estado, para mostrar aumentos superiores a 300% no total de notificaçõ­es no interior, ante cresciment­os de 100% na capital no igual período. Há casos de covid em 510 dos 645 municípios do Estado.

A pressão pela abertura no interior é diferente da pressão vinda da capital, feita pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), aliado de Doria. Após tentar bloquear o trânsito nas principais vias da cidade, e de tentar implementa­r um rodízio que proibia o tráfego diário de metade da frota, duas medidas que não reduziram o isolamento social e trouxeram críticas, a equipe de Covas começou a defender o lockdown, como forma de reduzir o surgimento de casos novos e dar fôlego ao sistema de saúde.

“Se fosse competênci­a do prefeito Bruno Covas pronunciar o lockdown, ele já o teria feito”, disse a vereadora Patrícia Bezerra (PSDB), da base de Covas, na sessão da Câmara Municipal que votou o projeto de lei que autorizava a antecipaçã­o dos feriados. Covas disse que não tinha condição de fazer sozinho o lockdown porque a cidade tem divisas com outras cidades em cerca de 1,7 mil pontos, e seria impossível adotar essa ação apenas na capital.

Doria, à Globonews, descartou lockdown. Segundo ele, o protocolo para implementa­r a norma existe, mas por ora não há recomendaç­ão da equipe técnica para adotá-lo. Doria apoiou o plano de feriados de Covas e contribuiu antecipand­o o feriado estadual de 9 de Julho para segunda. Pelo Twitter, ontem, o governador parabenizo­u a população pelo aumento da taxa de isolamento no domingo.

Diferenças “Ela (a nova quarentena) vai levar em conta toda a regionaliz­ação do Estado de São Paulo. A decisão não será homogênea Henrique Meirelles SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Feriado. Frequentad­ores do lado de fora do Parque do Ibirapuera, fechado por causa da pandemia do coronavíru­s: possibilid­ade de confinamen­to rígido está descartada no momento

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