Bancos médios lançam central concorrente da B3
Os bancos médios deram o pontapé inicial em central própria de registro de títulos e ativos, que vai concorrer com a B3, até então única dona desse mercado no País. A CRT4 – Central Eletrônica de Títulos e Ativos – começa a operar nesta semana, após obter aval do Banco Central. Os primeiros papéis a serem registrados são Certificados de Depósito Bancário (CDBs), cujo estoque na B3 é de mais de R$ 1,2 trilhão. A ideia é ir além e contemplar toda a base de títulos relacionados aos bancos. A central nasce com capital de cerca de R$ 15 milhões, de um projeto da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa 90 instituições financeiras de pequeno e médio porte no País. Com 31 sócios, que incluem nomes como Citi, Safra, ABC e BMG, seu objetivo é atender a todo o segmento. » Sem vantagem. Cada acionista tem fatia de, no máximo, 5,25% de participação. É a forma de não criar um único dono ou poder de voto diferenciado, frente aos demais.
» Briga, briga. No mercado, a expectativa é de que a central atue com preços agressivos, podendo chegar a 50% menos dos atualmente cobrados pela B3. Assim, deve adicionar concorrência ao segmento de registro de ativos financeiros.
» Lista. A CRT4 já está apta a registrar CDBs, recibos de depósito bancário (RDB) e letras de câmbio, conforme autorização concedida pelo BC, semana passada. Em breve, espera ter registros de letras de crédito agrícola (LCA) e imobiliário (LCI). Somado, o estoque desses títulos passa de R$ 1,5 trilhão na B3. Em paralelo, a central trabalha com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para passar a atuar também com derivativos.
» Contra o tempo. A Caixa Econômica Federal trabalha para anunciar no fim desta semana, possivelmente na quarta-feira, o projeto que desenha com as donas de maquininhas de cartão para disponibilizar uma nova forma de pagamento do auxílio emergencial de R$ 600. A iniciativa envolve os três pesos pesados do setor: Cielo, Rede e Getnet, conforme antecipou a Coluna. » 1, 2, 3, testando. Os últimos testes estão sendo feitos. A ideia é que a iniciativa ajude a evitar novamente a cena de longas filas nas agências da Caixa para recebimento do auxílio emergencial. Com apoio das maquininhas, o banco vai permitir que os recursos sejam utilizados no pagamento de compras em estabelecimentos físicos.
» Bola de cristal. O BTG Pactual e o Banco Pan ingressaram na organização europeia que representa o ecossistema de fintechs, o Innovate Finance, em Londres. Com isso, as duas instituições farão parte de discussões sobre o que será tendência no mercado financeiro nos próximos anos. A organização tem mais de 250 associados globalmente.
» Mais tempo. A maior parte das companhias que estavam na fila para registro de ofertas públicas de ações pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no período pré-coronavírus pegou carona na ampliação extraordinária do prazo máximo de interrupção da análise desse registro, diante da pandemia da covid-19.
» De olho nas chances. Das 27 aberturas de capital que estavam em análise na Superintendência de Registro (SRE) da autarquia, 23 pediram interrupção. Na lista, estão operações de companhias como Caixa Seguridade, em oferta secundária, Track&Field, BBM Logística e Pet Center, que fariam captações primárias para bancar investimentos.
» 8 ou 80. Duas empresas cancelaram ou desistiram da operação: Banco Votorantim e Banco Daycoval. Mantiveram suas ofertas em curso Riva 9 Empreendimentos Imobiliários e Allpark, dona da rede de estacionamentos Estapar, que fez história na Bolsa brasileira com a realização da primeira abertura de capital 100% virtual, em meio à pandemia de coronavírus. » Vale até 2021. Diante da paralisia da economia pelo avanço do novo coronavírus, a xerife do mercado elevou de 60 para 180 dias úteis o tempo pelo qual essa análise poderia ser interrompida, jogando o prazo de mais de uma dezena delas para até janeiro de 2021. Foi uma forma de dar tempo para que as empresas aguardassem uma nova oportunidade – quando o mercado de capitais ficasse mais favorável – para fazer as ofertas de papéis.
ALINE BRONZATI, MARIANA DURÃO E CYNTHIA DECLOEDT