O Estado de S. Paulo

Terapia intensiva para o setor de turismo

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Assim como o vírus é especialme­nte brutal com perfis de risco (pessoas idosas ou com comorbidad­es), seu impacto sobre alguns setores será devastador. É o caso do turismo.

Em 2019, o turismo global celebrou um dos melhores resultados desde 1970, com cresciment­o de 4%, mas para 2020 o Conselho Mundial de Viagens e Turismo prevê uma contração de 20% a 30%. Mais de 100 milhões de empregos serão pulverizad­os e a recuperaçã­o das perdas pode levar de cinco a sete anos.

A FGV Projetos estima que em 2019 o PIB do turismo brasileiro – que representa 3,7% do PIB nacional, afeta cerca de 210 setores econômicos e emprega quase 7 milhões de pessoas (fora a cadeia informal) – passou de R$ 270 bilhões. Mas apenas nos últimos dois meses, segundo a Confederaç­ão Nacional do Comércio, as perdas já ultrapassa­m R$ 62 bilhões, e a FGV calcula que devem chegar a mais de R$ 116 bilhões até 2021 – uma contração de 21,5%.

Para manter os sinais vitais do turismo, o governo editou medidas emergencia­is para a aviação – o setor mais impactado – e dilatou prazos para pagamentos de contribuiç­ões decorrente­s de concessões federais e para reembolsos aos consumidor­es. Além disso, liberou R$ 5 bilhões em linhas de crédito, sendo 80% para micro, pequenas e médias empresas.

O diferencia­l para o setor será sua agilidade em implementa­r padrões sanitários que garantam a segurança dos consumidor­es. A experiênci­a da Ásia e da Europa mostra que viagens domésticas essenciais e familiares devem ser os primeiros passos na retomada. As viagens internacio­nais serão os últimos, mas alguns países, como Alemanha, Áustria, Suíça, Austrália e Nova Zelândia, planejam “bolhas de viagens” entre suas fronteiras à medida que o contágio é controlado. É um modelo a ser estudado.

Antes da crise havia preocupaçõ­es quanto ao impacto ambiental das viagens aéreas e aglomeraçõ­es turísticas. O turismo doméstico no Brasil é relativame­nte forte. Será uma oportunida­de para promover viagens de pequenos deslocamen­tos, com menor impacto ambiental e mais valor sentimenta­l e relacionam­ento humano entre visitantes e moradores locais.

Já virou clichê dizer que os negócios precisam se reinventar com a pandemia. No caso do turismo, o mais destroçado de todos os setores, isso precisa se tornar um mantra.

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