Teste para apoio ‘100% Guedes’
Na véspera do prazo final para o presidente Jair Bolsonaro sancionar a lei que dá socorro emergencial de R$ 60 bilhões para os Estados e municípios enfrentarem os efeitos da covid-19, o cenário é ainda de indefinição. O ministro da Economia, Paulo Guedes, ganhou a promessa do presidente que vai vetar o artigo que deixa várias categorias de fora do congelamento de salários até 2021, mas não dá para dizer que ganhou a parada.
A longa espera pela sanção já é, por si só, um revés para a equipe econômica, que foi perdendo o discurso da necessidade de congelamento dos salários desde a aprovação do projeto no dia 6 de maio.
A demora não só abriu espaço para a pressão do funcionalismo como deu tempo para o presidente fazer agrados a sua base eleitoral, principalmente os policiais militares e bombeiros Distrito Federal, policiais federais e rodoviários federais. Tudo com a bênção do Congresso. Nos Estados, também sobrou tempo para as assembleias e governadores garantirem vantagens aos servidores.
Além do artigo que Bolsonaro prometeu barrar, outros vetos vão definir a força do ministro Guedes junto ao presidente. A pressão é grande para que o presidente também vete a proibição para que os próximos 18 meses sejam contados para bônus salariais. Outro impasse é a parte do projeto que impede o governo de executar as garantias e contragarantias, em 2020, das dívidas decorrentes dos contratos dos Estados e municípios que forem renegociadas durante a pandemia, inclusive empréstimos externos. A depender do resultado, o discurso de austeridade de Guedes e sua equipe pode ficar derrotado.