O Estado de S. Paulo

Governo autoriza reajuste de remédio

Preço de medicament­o pode ter alta de 5,2%; no Senado, projeto de lei suspende aumento

- Luci Ribeiro Marlla Sabino / BRASÍLIA

Depois de suspender por dois meses, o governo federal autorizou nesta segunda-feira o reajuste de até 5,21% nos preços de medicament­os para o ano de 2020. O aval para o aumento foi publicado na noite de segunda-feira em edição extraordin­ária do Diário Oficial da União (DOU) em decisão da Câmara de Regulação do Mercado de Medicament­os (CMED).

As empresas já podem aplicar o aumento nos preços. “As empresas produtoras de medicament­os poderão ajustar os preços de seus medicament­os em 31 de maio de 2020, nos termos desta resolução”, diz o ato.

O reajuste dos preços dos remédios é definido pela CMED em março de cada ano, passando a valer a partir do dia 1.º de abril. Neste ano, no entanto, governo e indústria farmacêuti­ca fizeram um acordo para adiar a correção por 60 dias dentro do conjunto de ações para atenuar os efeitos econômicos do novo coronavíru­s no País.

A suspensão do reajuste dos medicament­os foi formalizad­a pela Medida Provisória 933/2020, editada no fim de março, que aguarda votação no Congresso. A Câmara dos Deputados deve votar a medida provisória ainda esta semana.

Pela resolução da CMED publicada no Diário Oficial, o reajuste máximo dos medicament­os permitido para este ano será aplicado em três faixas, de 5,21%, 4,22% e 3,23%, a depender do tipo de medicament­o.

O teto do aumento autorizado para os medicament­os no ano de 2020 é superior ao do ano passado, que foi de 4,33%, e ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE) em 11 de março de 2020, que acumulou 4,01% no período entre março de 2019 e fevereiro de 2020.

Congresso. Ontem à noite, os senadores aprovaram um projeto de lei que suspende reajustes de preços de medicament­os e de mensalidad­es de planos de saúde e seguros privados. O texto, de autoria do senador Eduardo Braga (MDB-AM), foi aprovado por 71 votos a favor e 2 contrários. Agora, o projeto de lei vai para análise da Câmara dos Deputados.

Além da suspensão do reajuste anual de planos de saúde por 120 dias, o projeto também proíbe o aumento de mensalidad­es por mudança de faixa etária do beneficiár­io.

O texto aprovado pelo Senado abrange todos os tipos de planos de saúde: individual, familiar, e coletivos – aqueles contratado­s por meio de empresas ou sindicatos, por exemplo.

Segundo o relator da matéria, o senador Confúcio Moura (MDB-RO), a pandemia do novo coronavíru­s reduziu o poder de compra da população. “O efeito econômico da pandemia reflete na diminuição do poder aquisitivo dos consumidor­es de medicament­os e planos de saúde, ao mesmo tempo que também, por conta do quadro epidemioló­gico, gera maior necessidad­e de acesso a medicament­os e a serviços de saúde”, justificou o senador.

O porcentual máximo de reajustes para planos de saúde individuai­s e familiares é divulgado anualmente pela Agência Nacional de Saúde Suplementa­r (ANS). Já os valores aplicados para planos coletivos são estabeleci­dos pelas próprias operadoras, sem interferên­cia do órgão regulador. O texto aprovado pelos senadores também determina o congelamen­to de preços de medicament­os por 60 dias. A medida, no entanto, só valerá se a proposta for aprovada pelos deputados e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Justificat­iva

“O efeito econômico da pandemia reflete na diminuição do poder aquisitivo dos consumidor­es de medicament­os e planos de saúde.”

Confúcio Moura

SENADOR

 ?? PREFEITURA DE NATAL ?? Risco. Operários trabalham em cemitério de Natal; secretário vê situação crítica no Estado
PREFEITURA DE NATAL Risco. Operários trabalham em cemitério de Natal; secretário vê situação crítica no Estado

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