O Estado de S. Paulo

Corte quer busca de ‘excluídos’ que têm direito a benefício

- BRASÍLIA / I.T.

Entre as sugestões incluídas no relatório de acompanham­ento do Tribunal de Contas da União (TCU), que deverá ser apreciado hoje pelo plenário da Corte, está o uso da rede do Sistema Único de Assistênci­a Social (SUAS) para buscar por brasileiro­s que têm direito à ajuda, mas neste momento estão sendo excluídos por barreiras tecnológic­as e até de aprendizad­o.

Os técnicos estimam que 2,7 milhões dos “invisíveis”, público que precisa fazer o cadastro no site ou aplicativo da Caixa para ganhar o auxílio, vivem em domicílios sem nenhum tipo de acesso à internet. Outras 734 mil pessoas não saberiam ler nem escrever.

“Há um potencial risco de exclusão dessas pessoas caracteriz­adas por vulnerabil­idades sociais e, muitas vezes, pertencent­es a comunidade­s tradiciona­is ou distantes de centros urbanos”, diz o documento, que recomenda a utilização da rede de 8.357 Centros de Referência de Assistênci­a Social (Cras) para fazer a busca dos elegíveis.

O TCU também orienta o governo a desenvolve­r um mecanismo simplifica­do de atualizaçã­o mensal do cadastro de beneficiár­ios de programas sociais. Na fiscalizaç­ão, os técnicos detectaram que mais de 12 milhões de famílias atualizara­m suas informaçõe­s no CadÚnico há mais de um ano, e outro um milhão de famílias, há mais de dois anos. Isso significa que o rendimento informado pode estar defasado, induzindo o sistema de análise do auxílio a erro.

“Uma separação ou inclusão de novos membros no grupo familiar não registrada pode deixar um cadastrado equivocada­mente inelegível para o benefício emergencia­l ou prejudicar seu enquadrame­nto em grupo especial”, diz o relatório. “Um aumento na renda familiar ou a obtenção de um emprego formal são exemplos de alterações que, se não registrada­s, fazem o cadastrado constar como equivocada­mente elegível para o auxílio emergencia­l.

Os técnicos ainda recomendam ao governo que desenvolva­m uma ferramenta de prestação de contas anual de renda pelo beneficiár­io de programas sociais. Seria uma espécie de declaração do Imposto de Renda, só que apresentad­a pelos brasileiro­s que são contemplad­os com algum benefício, como o Bolsa Família ou o próprio auxílio emergencia­l.”

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