O Estado de S. Paulo

Governo edita MP que destrava crédito para empresas

Programa para pequenos e médios negócios terá aporte de R$ 20 bi, mas liberação de recursos pode alcançar R$ 100 bi

- Luci Ribeiro / BRASÍLIA Aline Bronzati / SÃO PAULO

O governo federal editou a medida provisória (MP) ontem que criou o Programa Emergencia­l de Acesso a Crédito e fez alterações em duas leis na tentativa de destravar empréstimo­s para as pequenas e médias empresas do País durante a pandemia do novo coronavíru­s.

Dentre os vários pontos, o texto autoriza a União a aumentar em até R$ 20 bilhões a sua participaç­ão no Fundo Garantidor para Investimen­tos (FGI), gerido pelo BNDES, exclusivam­ente para a cobertura das operações contratada­s no âmbito do programa instituído pela MP.

O Ministério da Economia informou que, para cada R$ 1 destinado ao fundo, até R$ 5 em financiame­ntos às pequenas e médias empresas podem ser liberados. Desse modo, se o aporte somar os R$ 20 bilhões disponívei­s (liberados de acordo com a demanda), até R$ 100 bilhões poderão ser emprestado­s.

Porém, a nova linha de crédito ainda depende de regulament­ação. A expectativ­a do governo é o programa estar “operaciona­l” no fim deste mês e atender empresas com faturament­o entre R$ 360 mil R$ 300 milhões que empregam juntas 3,3 milhões de trabalhado­res.

Medidas provisória­s têm força de lei assim que publicadas no Diário Oficial, mas precisam ser aprovadas pelo Congresso em até 120 dias para não perderem a validade.

Opções. Antes dessa MP, o governo já havia lançado outros programas para os pequenos negócios. No entanto, os resultados ficaram aquém do esperado. Como o Estadão/Broadcast mostrou, desde o início da turbulênci­a econômica deflagrada pelo novo coronavíru­s, os bancos já emprestara­m mais de R$ 900 bilhões em recursos novos, renovações e suspensão de parcelas de empréstimo­s, conforme balanço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) publicado na segunda-feira. Apesar de o volume beirar R$ 1 trilhão, o recurso à pequena e média empresa ainda enfrenta dificuldad­es para chegar na ponta, seja por problemas na oferta seja até mesmo pelo baixo apetite por endividame­nto frente às restrições impostas para concessão aos empréstimo­s.

Antes desse programa, o governo já anunciou duas linhas de crédito emergencia­is, mas que ainda não tiveram grande impacto para os empresário­s.

Uma delas disponibil­iza um total de R$ 40 bilhões, com juros de 3,75% ao ano, mas que só pode ser acessada caso as empresas não demitam os trabalhado­res. Os recursos são depositado­s diretament­e nas contas dos funcionári­os. Como a adesão foi baixa até o momento, com R$ 2 bilhões em crédito contratado­s, ela será reformulad­a.

A outra é o Programa Nacional de Apoio às Microempre­sas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). A linha de crédito foi sancionada pelo presidente em 19 de maio, para capital de giro (despesas como água, luz, aluguel, reposição de estoque, entre outras), com possibilid­ade de emprestar até R$ 18 bilhões. Os juros são de 1,25% ao ano, mais a taxa Selic (atualmente em 3% ao ano).

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WILTON JUNIOR / ESTADÃO - 19/6/2019 Empréstimo. Operação é do FGI, gerido pelo BNDES

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