O Estado de S. Paulo

Investidor­es processam XP por perdas no auge da crise

- JOSÉ AYAN JÚNIOR, MARIANA DURÃO, TALITA NASCIMENTO, AMANDA PUPO E CYNTHIA DECLOEDT

As fortes perdas no mercado de renda variável com a pandemia em março começam a chegar à Justiça. Investidor­es que amargaram prejuízo em operações com ações e opções ingressara­m com pedidos de indenizaçã­o contra a XP Investimen­tos, alegando que a corretora liquidou contratos com vencimento antes da hora e apresentou falhas em seu sistema de comunicaçã­o. Os pedidos de indenizaçã­o ainda não foram julgados. Um dos casos é do investidor José Corona. Por meio de suas holdings patrimonia­is Abaco e JC Investimen­tos, ele alega ter tido prejuízo de cerca de R$ 8 milhões, entre 6 e 9 de março. Neste último dia, inclusive, foi acionado na B3 o primeiro dos cinco circuit breaker – a parada da Bolsa para evitar perdas maiores – na esteira da turbulênci­a com a pandemia.

» Pane. Foi em 9 de março que diversos investidor­es reclamaram de problemas para acessar plataforma­s de corretoras como XP Investimen­tos, BTG Pactual, Easynvest e Banco Inter, entre outras. As plataforma­s travaram diante do número massivo de acessos por clientes assustados com a sangria do mercado.

» Corrida. Corona diz que o motivo da perda foi a impossibil­idade de comunicaçã­o entre a corretora e seus agentes autônomos e de acesso à plataforma. Além disso, afirma que a XP assumiu o controle de sua carteira, liquidando ativos “sem qualquer critério, racionalid­ade ou preocupaçã­o em minimizar o prejuízo”. Outros dois casos também chegaram à Justiça.

» Ciente. Procurada, a XP afirma que as três reclamaçõe­s já foram tratadas pela ouvidoria da empresa e julgadas improceden­tes. De toda forma, irá prestar esclarecim­entos nos processos quando for intimada.

» Terror. A possibilid­ade de uma recessão prolongada é a maior preocupaçã­o de executivos de várias partes do mundo. Ela é seguida pelo receio do aumento de falências e de uma onda de fusões e aquisições. Os dados são de relatório do Zurich Insurance Group, com a consultori­a de risco e corretora Marsh & McLennan e o Fórum Econômico Mundial.

» Medos variados. Entre as preocupaçõ­es, estão ainda as crescentes tentativas de fraudes e roubo de dados com mais trabalhado­res em home office, o desemprego estrutural e o enfraqueci­mento fiscal das economias. Foram ouvidos 350 executivos de vários países, em abril.

» Último minuto. De 234 empresas listadas na B3, só 29 arquivaram o Formulário de Referência 2020, espécie de raio X das companhias, até o fim de maio. É o que mostra levantamen­to da consultori­a MZ, que acompanha essas empresas. A maioria delas está se valendo da flexibiliz­ação de prazos de entrega de informaçõe­s concedida pela Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM) em função da pandemia. » Na gringa. No caso do Formulário 20-F, documento semelhante apresentad­o à Securities and Exchange Comission (a CVM norte-americana), apenas três empresas nacionais não o entregaram. Nos Estados Unidos, há 27 companhias brasileira­s listadas na NYSE ou na Nasdaq e 41 na US OTC Markets.

» Isto ou aquilo. Os usuários da internet ainda têm opiniões divididas sobre bancos digitais, segundo pesquisa do Ibope Inteligênc­ia feita para o C6 Bank com 2 mil usuários de todo o País. Pelo levantamen­to, não chegam à metade (37%) os que enxergam vantagem em bancos digitais, contra 24% que acreditam estar nos tradiciona­is os maiores atrativos. Ao mesmo tempo, 29% afirmaram ver pouca diferença entre ambos.

» De pé. A Sul Americana de Metais (SAM), controlada pela chinesa Honbridge Holdings, estima atraso de um ano na operação do complexo de mineração de US$ 2,1 bilhões que planeja em Minas Gerais. O grupo vem enfrentand­o dificuldad­es no licenciame­nto ambiental – parado com a pandemia –, mas o interesse no investimen­to está mantido.

» Contra. Após a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) apresentar parecer desfavoráv­el à renovação antecipada da Estrada de Ferro Carajás, da Vale, o governo federal intensific­ou o diálogo com o gabinete do relator do processo, ministro Bruno Dantas. O Ministério da Infraestru­tura deve enviar nos próximos dias um memorial para esclarecer pontos levantados.

» Positivo. Apesar da posição da área técnica, a pasta está confiante na prorrogaçã­o da concessão. O governo fez a primeira renovação antecipada de ferrovias na semana passada, com a Malha Paulista. Esse processo também foi alvo de críticas. Nos dois casos, a área técnica questionou se os projetos seriam vantajosos, por exemplo.

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PAULO WHITAKER / REUTERS
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AGENCIA VALE - 13/5/2010
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FELIPE RAU/ESTADÃO - 20/3/2020

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