Investidores processam XP por perdas no auge da crise
As fortes perdas no mercado de renda variável com a pandemia em março começam a chegar à Justiça. Investidores que amargaram prejuízo em operações com ações e opções ingressaram com pedidos de indenização contra a XP Investimentos, alegando que a corretora liquidou contratos com vencimento antes da hora e apresentou falhas em seu sistema de comunicação. Os pedidos de indenização ainda não foram julgados. Um dos casos é do investidor José Corona. Por meio de suas holdings patrimoniais Abaco e JC Investimentos, ele alega ter tido prejuízo de cerca de R$ 8 milhões, entre 6 e 9 de março. Neste último dia, inclusive, foi acionado na B3 o primeiro dos cinco circuit breaker – a parada da Bolsa para evitar perdas maiores – na esteira da turbulência com a pandemia.
» Pane. Foi em 9 de março que diversos investidores reclamaram de problemas para acessar plataformas de corretoras como XP Investimentos, BTG Pactual, Easynvest e Banco Inter, entre outras. As plataformas travaram diante do número massivo de acessos por clientes assustados com a sangria do mercado.
» Corrida. Corona diz que o motivo da perda foi a impossibilidade de comunicação entre a corretora e seus agentes autônomos e de acesso à plataforma. Além disso, afirma que a XP assumiu o controle de sua carteira, liquidando ativos “sem qualquer critério, racionalidade ou preocupação em minimizar o prejuízo”. Outros dois casos também chegaram à Justiça.
» Ciente. Procurada, a XP afirma que as três reclamações já foram tratadas pela ouvidoria da empresa e julgadas improcedentes. De toda forma, irá prestar esclarecimentos nos processos quando for intimada.
» Terror. A possibilidade de uma recessão prolongada é a maior preocupação de executivos de várias partes do mundo. Ela é seguida pelo receio do aumento de falências e de uma onda de fusões e aquisições. Os dados são de relatório do Zurich Insurance Group, com a consultoria de risco e corretora Marsh & McLennan e o Fórum Econômico Mundial.
» Medos variados. Entre as preocupações, estão ainda as crescentes tentativas de fraudes e roubo de dados com mais trabalhadores em home office, o desemprego estrutural e o enfraquecimento fiscal das economias. Foram ouvidos 350 executivos de vários países, em abril.
» Último minuto. De 234 empresas listadas na B3, só 29 arquivaram o Formulário de Referência 2020, espécie de raio X das companhias, até o fim de maio. É o que mostra levantamento da consultoria MZ, que acompanha essas empresas. A maioria delas está se valendo da flexibilização de prazos de entrega de informações concedida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em função da pandemia. » Na gringa. No caso do Formulário 20-F, documento semelhante apresentado à Securities and Exchange Comission (a CVM norte-americana), apenas três empresas nacionais não o entregaram. Nos Estados Unidos, há 27 companhias brasileiras listadas na NYSE ou na Nasdaq e 41 na US OTC Markets.
» Isto ou aquilo. Os usuários da internet ainda têm opiniões divididas sobre bancos digitais, segundo pesquisa do Ibope Inteligência feita para o C6 Bank com 2 mil usuários de todo o País. Pelo levantamento, não chegam à metade (37%) os que enxergam vantagem em bancos digitais, contra 24% que acreditam estar nos tradicionais os maiores atrativos. Ao mesmo tempo, 29% afirmaram ver pouca diferença entre ambos.
» De pé. A Sul Americana de Metais (SAM), controlada pela chinesa Honbridge Holdings, estima atraso de um ano na operação do complexo de mineração de US$ 2,1 bilhões que planeja em Minas Gerais. O grupo vem enfrentando dificuldades no licenciamento ambiental – parado com a pandemia –, mas o interesse no investimento está mantido.
» Contra. Após a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) apresentar parecer desfavorável à renovação antecipada da Estrada de Ferro Carajás, da Vale, o governo federal intensificou o diálogo com o gabinete do relator do processo, ministro Bruno Dantas. O Ministério da Infraestrutura deve enviar nos próximos dias um memorial para esclarecer pontos levantados.
» Positivo. Apesar da posição da área técnica, a pasta está confiante na prorrogação da concessão. O governo fez a primeira renovação antecipada de ferrovias na semana passada, com a Malha Paulista. Esse processo também foi alvo de críticas. Nos dois casos, a área técnica questionou se os projetos seriam vantajosos, por exemplo.