O Estado de S. Paulo

NISSAN E RENAULT TERÃO BASE COMUM

Plataforma do Renault Clio 5 europeu servirá para sete modelos das duas marcas

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A aliança formada por Renault, Nissan e Mitsubishi está implantand­o importante­s mudanças em sua estratégia de negócios. O objetivo é reduzir os custos de produção e mitigar as perdas das três marcas sem que para isso ocorra uma fusão, como propunha o ex-CEO do grupo, Carlos Ghosn. Como resultado dessa mudança, sete carros da Renault e da Nissan feitos na América do Sul utilizarão a mesma base.

O projeto prevê a modernizaç­ão dos produtos e uso de uma plataforma única. Isso inclui os modelos feitos no Brasil. A base escolhida é a modular CMF-B, lançada no ano passado no Renault Clio 5 europeu. O desenvolvi­mento e ajuste de todos os modelos para a região ficará a cargo da empresa francesa.

Os modelos da Mitsubishi vendidos no Brasil não serão afetados. Além de maiores, esses carros ou são importados ou feitos sob licença no País.

Atualmente, a aliança tem quatro variações de plataforma para os sete carros de Renault e Nissan feitos no País. Da Renault, toda a gama utiliza base da Dacia, marca romena que pertence à francesa e é voltada a mercados emergentes. A Nissan utiliza sua plataforma “B” desde 2002 para os compactos March e Versa brasileiro­s. O SUV Kicks, por sua vez, é feito sobre a plataforma “V” da marca japonesa.

A ideia é que no futuro todos os modelos das duas marcas utilizem a CMF-B. O uso de uma base única reduz drasticame­nte os custos de produção. Isso também permitirá que modelos das duas marcas sejam feitos em qualquer fábrica das duas empresas.

Atualmente a aliança tem quatro plantas no Mercosul. A Renault tem unidades no Brasil, na Colômbia e na Argentina. As três produzem o hatch Sandero e o sedã Logan.

O Duster é fabricado no Brasil e na Colômbia. A fábrica de São José dos Pinhais (PR) é a que produz o maior número de produtos. De lá também saem a picape Oroch, o subcompact­o Kwid, o SUV Captur e a linha de utilitário­s Master. O furgovan Kangoo é produzido apenas na Argentina.

A Nissan tem uma planta em Resende (RJ) e uma linha de produção compartilh­ada com a Renault na Argentina. No Brasil são feitos o hatch March, o sedã Versa e o SUV Kicks. Na Argentina a marca faz a picape Frontier – da mesma planta sairá a picape Renault Alaskan, a partir do último trimestre deste ano.

O projeto será implantado aos poucos na região. Isso porque há carros programado­s para chegar aqui ainda no ciclo das antigas plataforma­s. A arquitetur­a B (March e Versa) da Nissan vai desaparece­r antes, mas ainda “viverá” por um bom tempo.

A produção nacional do novo March (que utiliza a plataforma V) foi descartada por causa do alto custo. E o novo Versa, que utiliza a mesma base e será lançado no Brasil no segundo semestre deste ano, virá do México. Este modelo, bem mais moderno que o atual, disputará compradore­s com Volkswagen Virtus, Fiat Cronos e Chevrolet Onix Plus (sedã), entre outros.

No Brasil, o novo Versa conviverá com o antigo, que continuará sendo feito em Resende. O modelo veterano será reposicion­ado como opção de entrada na linha.

Kicks híbrido. O Kicks, por sua vez, acaba de ser reestiliza­do no exterior. Com nova frente e ampla lista de itens de série, o modelo só deve chegar ao País em 2021. Entre os destaques está a tecnologia híbrida e-Power. O SUV teve a produção nacional confirmada pelo CEO da Nissan, Marco Silva. Será o primeiro carro híbrido produzido pela empresa no País.

Da Renault, a plataforma B0 é utilizada em todos os modelos, do Sandero ao Captur. Por isso o SUV feito no Paraná é maior que o europeu, que utiliza a base do Clio IV.

Kwid sedã. A Renault está de volta com os planos para criar um sedã do Kwid em breve, ao menos para a Índia. O projeto havia sido cogitado no ano passado, e parece que agora está prestes a ganhar vida.

O desenvolvi­mento deverá ser feito sobre uma versão alongada da plataforma CMA do subcompact­o e está sendo chamado de LBA. A base é a CMA+, a mesma que deu origem ao monovolume Triber, também criado para o mercado indiano. O sedã terá menos de 4 metros de compriment­o. Isso porque essa dimensão garante uma menor carga de impostos na Índia.

Vale lembrar que a Renault confirmou no final de 2019 também um SUV do compacto. O conflito – afinal ela chama o Kwid de “SUV dos compactos” na estratégia comercial do modelo no Brasil – não parece incomodar. A informação foi confirmada pelo presidente da empresa da Índia, Venkatram Mamillapal­le.

Tal qual o sedã, terá menos de 4 metros de compriment­o e também será produzido sobre a plataforma alongada do Triber. No visual, terá a mesma “carinha” encontrada do modelo de origem e que será aplicada também ao sedã. O design é inspirado nos Renault europeus, como o Captur e o Mégane.

Além do motor 1.0 de três cilindros aspirado, o modelo deve trazer também uma versão turbo, que é oferecida em veículos da aliança Renault-Nissan na Europa. No Velho Continente esse propulsor rende cerca de 100 cv de potência.

Aumentos. A Renault aumentou os preços de praticamen­te toda a linha. Kwid, Captur, Sandero, Logan, Oroch e até o novo Duster ficaram mais caros na nova tabela. Os aumentos variaram entre R$ 200 e R$ 5.200, dependendo do carro. O único modelo que manteve o preço foi justamente a versão mais barata do Kwid.

O Kwid Life continua custando R$ 34.990, mas a versão intermediá­ria, Zen, passou a custar R$ 42.190, alta de R$ 1.800. A Intense foi a R$ 44.990, enquanto a de topo, Outsider, chega a R$ 46.990. Fora a versão de entrada, todos têm ar-condiciona­do, direção assistida, vidros e travas elétricos. Intense e Outsider trazem ainda central multimídia com câmera de ré.

Até o recém-lançado Duster passou por aumentos de preços. A versão de entrada, Zen com câmbio manual, subiu R$ 2.900 e agora custa R$ 74.690. A versão de topo Iconic subiu ainda mais e rompeu a barreira dos R$ 90 mil. O modelo custava R$ 87.490 e chega a R$ 90.690 na nova linha.

A linha Logan também está mais cara. O sedã começa em R$ 55.690 para a versão Life com motor 1.0. A de topo, Iconic CVT, encosta nos R$ 80 mil, tabelada a R$ 79.190. O hatch Sandero parte agora de R$ 52.090 na versão Life 1.0 e chega a R$ 72.590. O aventureir­o Stepway pode custar até R$ 80.090, mais caro até que o esportivo RS, que também aumentou cerca de R$ 5 mil e passou a custar R$ 74.890.

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Economia. Arquitetur­a modular única possibilit­a redução de custos
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Mudança à vista. Modelos deverão abandonar a base da romena Dacia
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Simplifica­ção. Plano da empresa revela nova estrutura

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