França de volta ao ‘velho normal’
Serviços são feitos na parte externa e seguindo distanciamento; no primeiro dia, porém, muitos ignoraram regras
Mesas lotadas em alguns pontos de Paris, apesar da obrigatoriedade do distanciamento, marcaram o primeiro dia da flexibilização do confinamento na França; os cafés, bares e restaurantes, fechados por mais de dois meses, só poderão utilizar as áreas externas para receber clientes. A covid-19 provocou 28.883 mortes no país.
Os franceses ganharam um presente ontem: os cafés, símbolos de Paris, abriram as portas depois de um longo período de isolamento social. No primeiro dia da nova fase, apesar das restrições, foram registradas várias aglomerações nos bares e restaurantes da capital.
A população também recuperou ontem a liberdade de viajar a vários pontos do país sem justificativa. As conquistas, porém, devem ser aproveitadas com prudência, segundo o governo, que teme uma nova onda da pandemia, que já provocou mais de 28 mil mortes no país e paralisou grande parte da economia francesa.
“Estou emocionada”, disse Martine Depagniat, enquanto saboreava um expresso na parte externa do Café de la Comédie, a dois passos do Museu do Louvre e do Teatro Comédie-Française. “Eu realmente senti falta do sabor de um verdadeiro expresso. Acredito que as pessoas precisavam recuperar alguma normalidade.”
Na região de Butte aux Cailles, Barthélémy Bru, de 30 anos, termina de instalar as mesas e cadeiras na área externa do restaurante Les Tanneurs de la Butte, deixando no mínimo um metro entre as mesas, conforme exigido pelas autoridades para reduzir os riscos de contágio. “É um grande dia. Esperamos que os clientes voltem”, disse Bru, confiante no dia ensolarado e nos 25º C da primavera parisiense.
A alguns metros dali, Petro Jaupi, dono do restaurante Auberge de la Butte, desinfeta as mesas antes de receber os primeiros clientes. “Esperamos que o clima continue bom, porque tudo o que temos são as áreas externas”, explica.
O governo francês decidiu iniciar a fase 2 da flexibilização do confinamento após a queda do número de contágios registrada desde o início da primeira etapa, em 11 de maio. Na prática, significa o fim da proibição de deslocamentos a mais de 100 quilômetros do domicílio, uma medida muito aguardada pelos moradores das grandes cidades e por famílias separadas durante mais de dois meses.
“É possível que no próximo fim de semana eu consiga ver meus netos em Nantes”, disse Linda Espallargas, que vive em Paris. “Mas vou no meu carro para ficar bem isolada, pois tenho mais de 65 anos.”
Após a reabertura de parques e jardins, no sábado, as praias, museus, monumentos, zoológicos e até os teatros também foram liberados ontem, mas com o respeito ao distanciamento e o uso obrigatório de máscara. Os cinemas só devem reabrir na fase 3, a partir de 22 de junho.
Os cafés, bares e restaurantes ficaram fechados por mais de dois meses. A partir de agora, na região de Paris, eles só poderão utilizar as áreas externas para receber clientes. Alguns estabelecimentos, no entanto, não devem retomar as atividades, pois não são rentáveis sem o serviço interno. “De qualquer maneira, estou otimista”, disse Hervé Becam, vicepresidente da União de Indústrias da Hotelaria.