O Estado de S. Paulo

Bolsonaro confirma intenção de recriar pasta da Segurança

Presidente afirma que ‘possibilid­ade’ existe, mas não cita data nem nomes para o cargo; Alberto Fraga é cotado

- BRASÍLIA / J.L.

O presidente Jair Bolsonaro confirmou que tem intenção de recriar o Ministério da Segurança Pública. Como mostrou o Estadão, a decisão já é dada como certa nos corredores do Palácio do Planalto, mas ainda não tem data para ser efetivada. “Existe a possibilid­ade”, afirmou Bolsonaro na noite de anteontem.

O presidente tem um encontro hoje com o líder da Frente Parlamenta­r da Segurança Pública – a chamada bancada da bala –, Capitão Augusto (PLSP), para tratar do assunto. Segundo o deputado, a ideia é que a recriação ocorra até julho. O nome indicado pela bancada para assumir a pasta é o do ex-deputado Alberto Fraga (DEM), que é amigo de Bolsonaro.

“Se decidir voltar (com o Ministério da Segurança Pública), já vou anunciar o nome do ministro antes de começar a tramitar o projeto”, afirmou Bolsonaro, em referência ao fato de que a criação de pastas deve passar pelo Congresso.

Questionad­o por jornalista­s, Bolsonaro não quis se compromete­r com a indicação de Fraga. “Não vou dizer que seja ele nem que não seja. Sou amigo do Fraga desde 1982. Ele está livre de todos os problemas que teve aí, é um grande articulado­r. Ele é cotado aí, mas nada de bater o martelo não”, declarou.

Bolsonaro afirmou que o escolhido “tem que ser alguém que entenda do assunto” da segurança pública.

A ideia de dividir a pasta ganhou força com a exoneração do ex-ministro Sérgio Moro, que exigiu a unificação da Justiça e da Segurança Pública em um superminis­tério antes de assumir o cargo. Com a mudança, a estrutura hoje comandada por André Mendonça ficaria esvaziada, sem seus órgãos mais importante­s, como a Polícia Federal, o Departamen­to Penitenciá­rio Nacional (Depen) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Quando assumiu o cargo, no fim de abril, André Mendonça chegou a sondar o coronel Araújo Gomes, ex-comandante da Polícia Militar de Santa Catarina, para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

A nomeação, no entanto, não saiu e o cargo está vago desde a demissão do antigo titular da secretaria, o general Teophilo Gaspar, no início do mês passado. “Eu estou em conversa com o ministro (Mendonça), mas em relação à Secretaria Nacional da Segurança Pública. Nos próximos dias é que vou saber como vai se encaminhar”, afirmou o coronel.

Depoimento. Na mesma entrevista, Bolsonaro afirmou que pode prestar depoimento presencial­mente à PF no inquérito que investiga se houve interferên­cia política na corporação. Para ele, o inquérito acabará sendo arquivado. “A PF vai me ouvir, estão decidindo se vai ser presencial ou por escrito, para mim tanto faz”, afirmou o presidente. “Posso conversar presencial­mente com a Polícia Federal, sem problema nenhum.”

Na semana passada, a PF afirmou ser “necessária a realização” do depoimento de Bolsonaro.

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